O recente relatório técnico elaborado pela KPMG revelou informações controversas sobre a distribuição de dividendos na 123milhas, empresa do setor de turismo, deixando um rastro de incertezas e questionamentos. Entre 2020 e 2023, foram distribuídos R$ 44,4 milhões em dividendos aos acionistas, mesmo em meio a um cenário financeiro desafiador.
BALANÇO FINANCEIRO revela dados controversos sobre a distribuição de dividendos na 123Milhas
Conforme o relatório obtido pelo jornal Valor Econômico, os números apresentados apontam para supostas irregularidades nos balanços financeiros da empresa. Desse modo, a KPMG identificou que os gastos com marketing foram reconhecidos indevidamente como ativos, em vez de despesas, gerando um impacto significativo nos resultados contábeis.
O relatório destacou que na 123milhas, os gastos com marketing superaram a receita bruta em 147,1% em 2021 e 393% em 2022. Já na Art Viagens, afiliada do grupo, esses gastos representaram 85,7% e 89,8% da receita operacional em 2021 e 2022, respectivamente.
Irregularidades contábeis?
Essas práticas contábeis questionáveis permitiram a obtenção de um resultado líquido positivo, viabilizando a distribuição de dividendos. No entanto, a análise da KPMG sugere que se as regras contábeis fossem observadas corretamente, não haveria um resultado positivo nos exercícios analisados, impossibilitando, portanto, a distribuição de dividendos.
Conforme dados oficiais, a distribuição foi de R$ 29,8 milhões em dividendos na 123milhas entre 2020 e 2022, além dos R$ 14,5 milhões distribuídos na Art Viagens, levanta questões cruciais sobre a integridade dos balanços financeiros.
Decisões judiciais e perspectivas futuras
A Justiça de Minas Gerais suspendeu o pedido de recuperação judicial das empresas do grupo em setembro, baseando-se nas constatações do relatório. Contudo, embora o grupo ainda atenda aos critérios técnicos para recuperação judicial, os problemas contábeis foram determinantes para a suspensão do processo.
No entanto, é ressaltado que as demonstrações financeiras de 2021 e 2022 não foram auditadas externamente por um auditor registrado na CVM.
Adicionalmente, as empresas descumpriram as diretrizes estabelecidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis ao contabilizarem os gastos com marketing como ativos intangíveis, ao invés de classificá-los como despesas.
Posicionamento da 123milhas
Em resposta ao Valor Econômico, a 123milhas negou as acusações de inflar seu balanço e defendeu a contabilização dos gastos de marketing como ativos, referindo-se à norma técnica CPC 04 (R1).
Dessa forma, a empresa alega que seus esforços para construir relacionamentos com os clientes se enquadram no conceito de ativo intangível e reforçam a fidelização de clientes como um investimento estratégico.
Assim sendo, apesar das críticas, a empresa enxerga o relatório como uma validação da regularidade do pedido de recuperação judicial. Sendo crucial para a continuidade do processo em andamento na 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte.
O futuro do caso
O desfecho desse caso permanece incerto. Atualmente, a 123milhas tem um prazo de dez dias para apresentar suas justificativas às autoridades judiciais em relação às preocupações levantadas no relatório preliminar da KPMG.
Dessa forma, este período será fundamental para esclarecer os pontos questionados. De modo a definir os próximos passos desse controverso episódio envolvendo a distribuição de dividendos e as práticas contábeis na empresa.
Diversos fatores impactam a queda de uma empresa
De forma geral, a trajetória de uma empresa é muitas vezes uma jornada complexa e imprevisível. Pois, enquanto algumas alcançam o sucesso e prosperam, outras enfrentam dificuldades e, em alguns casos, declínio.
Contudo, a queda de uma empresa pode ser resultado de uma interseção de vários fatores, cada um desempenhando seu papel na dinâmica do negócio. Em suma, a gestão financeira inadequada é um dos principais motivos para o declínio empresarial.
Desse modo, isso pode incluir má alocação de recursos. Bem como, endividamento excessivo, falta de controle de custos, fluxo de caixa negativo e incapacidade de se adaptar às mudanças econômicas. Por fim, eventos imprevisíveis, como crises econômicas, desastres naturais, pandemias ou instabilidades políticas, podem afetar severamente as operações de uma empresa.