Boa parte dos eleitores que participam do Auxílio Brasil contribuíram com os resultados do primeiro turno das eleições.
Isto é, considerando que, de acordo com o Instituto Datafolha, 39% dos beneficiários têm maior simpatia com o PT. No entanto, aqueles que se identificam com a legenda do atual presidente Jair Bolsonaro, representam um percentual de cerca de 3%.
Desse modo, considerando os recentes resultados das eleições, é possível conferir que o programa social produziu efeitos.
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Contudo, outros estudos demonstram que o aumento do benefício pra R$ 600 não mudou a opinião dos eleitores. Entenda melhor logo abaixo.
Aumento do Auxílio Brasil não mudou votos
Uma das principais apostas do atual presidente para conseguir a reeleição e melhorar sua imagem entre a parcela mais pobre do país é o aumento das parcelas do Auxílio Brasil.
No entanto, este acabou não surtindo o efeito que se esperava, não revertendo a vitória de Lula nos municípios mais pobres do Brasil.
Com 43,2% dos votos válidos, o atual presidente disputará o segundo turno das eleições presidenciais contra Lula, que alcançou a marca de 48,4%. Assim, a próxima votação ocorrerá no dia 30 deste mês de outubro.
Segundo matéria recente, foi possível observar um padrão na votação dos dois candidatos nos municípios brasileiros. Isto é, levando em consideração a cobertura do atual programa social que substituiu o Bolsa Família.
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As informações, então, indicam que a probabilidade de Bolsonaro vencer em uma localidade diminui de acordo com que a parcela de beneficiários do Auxílio Brasil aumenta.
Como o Auxílio Brasil influenciou nos votos?
Durante o primeiro turno de ontem, Bolsonaro recebeu 24% dos votos válidos nas cidades mais vulneráveis economicamente do Brasil. No entanto, o candidato Lula contou com uma porcentagem de 71%, considerando aquelas localidades com mais Auxílio Brasil.
Já Bolsonaro, contou com um melhor desempenho nos municípios com um número menor de beneficiários. Desse modo, chegou a 51% dos votos, contra 39% do candidato petista.
O padrão acontece em diversas regiões do Brasil. Até mesmo nas regiões Sul e Sudeste do país, onde o atua presidente saiu vitorioso há quatro anos, Bolsonaro alcançou um número de votos menos expressivo nas regiões mais pobres.
Nesse sentido, no estado do Rio Grande do Sul, Bolsonaro contou com 32% dos votos nas cidades mais beneficiadas e 50% naquelas menos atendidas. Já o ex-presidente Lula, alcançou o percentual de 62% e 41%, respectivamente.
Em Pernambuco, o candidato à reeleição alcançou 24% dos votos válidos em municípios com mais participantes e 41% daquelas com menos. Contudo, o ex-presidente Lula obteve 72% e 52% em cada qual.
O levantamento levou em consideração os dados da:
- Apuração oficial dos votos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
- Média do número de famílias que integravam o Bolsa Família e que, atualmente, fazem parte do Auxílio Brasil.
- Quantidade de famílias por municípios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Portanto, especialistas acreditam que alguns fatores influenciaram na falta de efeito nas urnas que se esperava com o Auxílio Brasil. O primeiro se trata do atual contexto econômico que o país enfrenta.
Ademais, outro ponto é de que políticas assistenciais como o Auxílio Brasil necessitam de mais tempo para que os eleitores a reconheçam.
Nesse sentido, durante as últimas pesquisas entre os participantes do benefício, cerca de 58% declararam voto no candidato Lula, enquanto somente 26% apoiavam o atual presidente.
Benefício aumentou valor mínimo
O valor mínimo do Auxílio Brasil foi alterado para R$ 600 no mês de agosto deste ano. Isto é, com a incorporação no programa de um acréscimo de R$ 200, por meio da aprovação de uma PEC no Congresso Nacional às vésperas do pleito eleitoral.
O número de famílias que entrou na folha de pagamento do benefício também aumento. Assim, saiu de 18,1 milhões no mês de julho para 20,6 milhões no mês de setembro.
Além disso, Bolsonaro também incluiu no benefício a modalidade de crédito consignado aos participantes da medida. No entanto, a proposta vem recebendo críticas de diversos especialistas do setor econômico em razão do alto risco de inadimplência e endividamento da parcela mais vulnerável economicamente da população brasileira.
Com isso, muitas instituições bancárias do país já relataram que não irão aderir a nova modalidade. Até o momento, a Caixa Econômica Federal foi uma das poucas instituições que confirmou a oferta do serviço.
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O programa de transferência de renda da atual gestão obteve destaque durante a campanha de Bolsonaro, com 27 citações do presidente durante os três debates em que participou.
Contudo, muitos enxergam a postura de Bolsonaro contraditória à postura que defendeu há alguns anos, quando o presidente se mostrou como um forte crítico ao pagamento de programas de transferência de renda a população brasileira. Este, então, chegou a classificar os programas como “Bolsa Farelo”, “moeda de troca”, “compra de votos” e “voto de cabresto”.
Durante sua campanha, Bolsonaro prometeu que o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil será mantido para 2023. Porém, no Orçamento do próximo ano, o benefício contará com um montante de R$ 105,7 bilhões. Isto é, quantia suficiente para a realização do pagamento de uma parcela de R$ 405,21.
Auxílio Brasil não é suficiente para alimentação
Uma das principais apostas de Bolsonaro, o Auxílio Brasil de R$ 600, não é suficiente para suprir as necessidades básicas das famílias na cidade de São Paulo. Esta é a afirmação do último levantamento do Dieese.
No estudo, então, vê-se que o valor médio da cesta básica na capital era de R$ 749,78 durante o mês de agosto, ou seja, maior do que o valor do programa.
Segundo Leandro Ferreira, presidente da Rede Brasileira de Renda Básica, o aumento da inflação nos últimos meses diminuiu muito o poder de compra da população brasileira.
“Entre o Auxílio Emergencial no seu primeiro pagamento, em abril de 2020, e o Auxílio Brasil atual, de R$ 600, houve uma inflação pelo IPCA acumulada de quase 20%. Isso significa que aqueles R$ 600 de 2020 já não valem mais o necessário para repor a inflação hoje. Esse valor deveria estar próximo de R$ 720 para que as famílias mantivessem o mesmo poder de compra e as mesmas condições para adquirir alimentos e pagar por suas despesas mais básicas”, frisa Ferreira.