O Auxílio Brasil, principal proposta do governo Jair Bolsonaro (PL) na assistência social em 2022, representa um acréscimo de pelo menos 10% na economia local em 648 municípios (11,6% do total), quase todos na região Nordeste. O benefício integra em apenas um programa várias políticas públicas de assistência social, saúde, educação, emprego e renda.
Estes dados sobre o Auxílio Brasil são do levantamento foi feito pelo economista Ecio Costa, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com a P3 Inteligência, a partir de dados do Ministério da Cidadania e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Detalhes da pesquisa sobre o Auxílio Brasil
O estudo dá destaque aos estados da Bahia (146), Piauí (124) e Maranhão (116). Estes são os estados com maior número de cidades em que os valores pagos pelo governo federal, entre janeiro e maio deste ano, representam 10% ou mais do Produto Interno Bruto (PIB) municipal.
Com isso, o economista atualizou o último dado do IBGE disponível, referente a 2019, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020 e 2021. Em relação ao PIB nacional, Costa estima que o Auxílio Brasil represente 1,04%, num total de R$ 87,7 bilhões já pagos aos beneficiários.
Também possui destaque os estados de Maranhão (4,69%), Piauí (4,39%) e Paraíba (3,84%) são os estados em que os pagamentos do Auxílio Brasil têm maior proporção em relação à economia local.
Em 15 das 27 unidades da Federação, o programa representa pelo menos 1% do PIB estadual. “Oito dos dez estados mais beneficiados são do Nordeste, que é o principal target [público-alvo] do programa. Depois vêm Norte, Sudeste, Centro-Oeste e por último a região Sul”, explica Costa.
Auxílio Brasil e Auxílio Emergencial
A pesquisa ajudou também a quantificar a diferença de impacto do Auxílio Brasil em comparação ao outro programa social lançado pelo governo Bolsonaro. Ainda que tenha valores superiores ao Bolsa Família, o Auxílio Brasil não tem rendido os mesmos bônus eleitorais que seu antecessor deu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Parte dessa falta de rendimento pode ser inferido pelo potencial inferior ao seu antecessor imediato, o Auxílio Emergencial. Este benefício foi lançado por Bolsonaro no início da pandemia do coronavírus.
Na época, Ecio Costa também desenvolveu estudo semelhante, no qual calculou o impacto das cinco parcelas de R$ 600 do programa temporário nas economias locais. Em 2020, foram 1.709 municípios com incremento de pelo menos 10% do PIB municipal pelo programa de transferência de renda. Valor este que representa mais que o dobro, em comparação ao Auxílio Brasil.
Quando se eleva esse patamar para 20% do PIB local, a diferença é ainda maior: foram 92 localidades com incremento superior a esse nível, ante apenas sete pelo atual Auxílio Brasil. “Tanto o valor do pagamento quanto o número de beneficiários cai significativamente na comparação entre os programas, ainda que hoje o valor seja superior ao do Bolsa Família”, aponta Costa.