Escritor de Língua Portuguesa de grande relevância, José de Sousa Saramago cresceu em uma família humilde no interior de Portugal. Sua infância foi marcada pela influência da tradição oral, que mais tarde desempenharia um papel significativo em sua escrita.
Tendo devolvido diversas funções antes de se tornar escritor profissional, Saramago publicou seu primeiro romance, “Terra do Pecado,” em 1947. No entanto, oseu reconhecimento literário só veio décadas depois.
Em 1982, com a publicação de “Memorial do Convento,” sua carreira literária ganhou destaque, e sua reputação começou a crescer. Este romance histórico, ambientado no século XVIII, abordou temas delicados como, por exemplo, opressão política e religiosa, inovação tecnológica e amor.
Em 1998, José Saramago foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, tornando-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber esse prestigioso prêmio. O Comitê Nobel destacou sua “parábola implacável que tem sido constantemente renovada na literatura contemporânea”.
O reconhecimento internacional consolidou sua posição como um dos mais importantes escritores do século XX. Saramago usou sua visibilidade para se envolver em questões sociais e políticas, tornando-se principalmente um defensor da liberdade de expressão e dos direitos humanos.
O estilo literário de José Saramago é inconfundível e frequentemente desafiador para os leitores. Sua escrita é caracterizada por longas frases, parágrafos extensos e diálogos que não seguem as convenções tradicionais.
Desse modo, o autor ficou conhecido por sua relutância em usar pontuação convencional, como ponto e vírgula e travessões, e por sua preferência por letras minúsculas no início de suas frases.
Além disso, Saramago frequentemente mistura elementos de realismo e fantasia em suas narrativas. Seus romances frequentemente incluem elementos surrealistas. Além disso, alguns dos temas recorrentes em sua obra incluem temas que tocam a natureza humana. Confira a seguir alguns deles.
Saramago frequentemente examina a complexidade da identidade humana, questionando as categorias tradicionais que definem as pessoas. Assim, seus personagens muitas vezes enfrentam desafios que os levam a questionar quem eles são, como no romance “O Homem Duplicado,” em que o protagonista descobre a existência de um sósia idêntico.
A palavra escrita e falada é um tema central na obra de Saramago. Ele explora como a linguagem pode oprimir ou libertar as pessoas, como evidenciado em “Ensaio sobre a Cegueira,” onde a ausência de nomes próprios reflete a perda da humanidade.
Saramago não hesita em abordar questões sociais e políticas em sua obra. Desse modo, diversas das suas obras criticam o autoritarismo e a opressão. Um exemplo disso é a obra” O Evangelho Segundo Jesus Cristo,” que causou controvérsia religiosa e política em Portugal.
A morte é um tema recorrente na obra de Saramago. Ele frequentemente personifica a morte ou explora as implicações da mortalidade em sua narrativa. Em “As Intermitências da Morte,” a morte deixa de ocorrer, levando a consequências inesperadas e reflexões profundas sobre a vida e a morte.
“O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991): Uma reinterpretação polêmica da vida de Jesus Cristo, o livro provocou debates religiosos e políticos em Portugal, pois o romance explora questões de fé, moralidade e destino.
“Ensaio sobre a Cegueira” (1995): Este é talvez um dos romances mais conhecidos de Saramago. A história descreve uma epidemia de cegueira repentina que afeta uma cidade inteira. Nesse sentido, o livro reflete sobre a sociedade, a natureza humana e a solidariedade em tempos de crise.
“As Intermitências da Morte” (2005): Nesta obra, Saramago imagina um mundo onde a morte deixa de ocorrer, levando a consequências inesperadas. O livro aborda a vida, a morte e a natureza efêmera da existência.
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