Em entrevista nesta semana, o deputado federal Alencar Santana (PT-SP) classificou a PEC dos Benefícios como um “estelionato eleitoral”. Santana é o atual líder da minoria na Câmara dos Deputados. Ele se referiu ao texto que prevê aumentos nos valores de programas sociais como o Auxílio Brasil e o vale-gás nacional.
“É tão estelionato eleitoral o que eles querem fazer, a manipulação, que eles querem fazer somente até dezembro de 2022. Em janeiro, volta ao que era antes”, disse Santana em entrevista divulgada pelo jornal Folha de São Paulo no início desta semana. O parlamentar disse ainda que a população entende o que está acontecendo.
“E o povo está sabendo o que acontece aqui nessa casa, hoje. E o povo sabe qual foi a intenção do presidente. Claramente ele sabe qual é. É pra ver se melhora os índices”, afirmou o deputado, se referindo aos números de popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL), que estão baixos de acordo com as últimas pesquisas de opinião.
As principais propostas de alterações da PEC dos Benefícios realmente duram até o final deste ano. O aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, por exemplo, apenas tem validade até o próximo mês de dezembro. É o mesmo período de tempo programado para a elevação de valores do vale-gás nacional, que subiria de R$ 53 para R$ 120.
Embora tenha criticado o texto, a minoria na Câmara dos Deputados votou majoritariamente pela aprovação da PEC em primeiro turno na noite desta terça-feira (12). Quase todos os parlamentares do PT, do PSB, do PDT, do PCdoB e do PSOL votaram pela aprovação do texto que aumenta os valores dos programas sociais.
Segundo informações de bastidores divulgadas pela imprensa, membros da oposição acreditam que votar contra a proposta poderia ser um “tiro no pé”. A expressão, aliás, teria sido usada pelo pré-candidato ao cargo de deputado federal, Guilherme Boulos (PSOL-SP), durante uma das reuniões partidárias nesta semana, como atesta a CNN Brasil.
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) certamente discordam da ideia de que a PEC seria um “estelionato eleitoral”. Em declarações, membros da base governista afirmam que o projeto tem como objetivo ajudar as pessoas que precisam.
“Os combustíveis subiram de preço em todo o mundo. O que isso significa? Que vários países estão tomando medidas para conter a inflação, reduzir o preço dos combustíveis, reduzir o impacto do aumento dos alimentos que decorrem da guerra entre a Rússia e Ucrânia”, disse o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR).
“Não dá para ficar parado. Esse dinheiro que vai ser colocado no nosso país, os bilhões que vão ser colocados na nossa economia, vão ser colocados para alimentação, vão ser colocados para o empreendedorismo, vão ser colocados para incentivar o nosso povo a sair de uma situação miserável”, disse o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM).
O texto original da PEC, que já foi oficialmente aprovado no Senado Federal libera pouco mais de R$ 41 bilhões para uso do Governo Federal. O dinheiro poderá servir, entre outras coisas, para aumentar os valores de programas sociais.
Além dos aumentos nos saldos do Auxílio Brasil e do vale-gás nacional, o documento prevê a criação de um voucher de R$ 1 mil para os caminhoneiros. Aliás, alguns deputados da base do governo afirmam que há chances de o projeto começar ainda em julho.
A PEC também prevê o início dos repasses de um novo benefício para taxistas. Caso o rito da PEC siga o fluxo desejado pelo Governo Federal, o plano é aplicar todas as mudanças propostas pelo documento já no mês de agosto.