Atualidades: Países emergentes são afetados pela falta de energia renovável
Caso os investidores em energia renovável não voltem o seu foco para os países emergentes e em desenvolvimento, o planeta não conseguirá diminuir as emissões de gases poluentes e impedir a mudança climática, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).
A energia renovável vem apresentando crescimento nos últimos anos. Para se ter uma ideia, no final de 2020, a capacidade de geração era de 2.799 gigawatts, o dobro quando comparados com números apresentados em 2011.
Atualmente, a energia renovável corresponde por 36,6% de toda eletricidade produzida no mundo.
Os maiores crescimentos aconteceram na América do Norte, União Européia e na China. Por outro lado, países subdesenvolvidos da África, Ásia, Europa Ocidental, América Latina e Oriente Médio recebem apenas um quinto dos investimentos mundiais em energia renovável, mesmo abrigando dois terços da população do mundo.
O Oriente Médio e África por exemplo, possuem ótimas taxas de irradiação solar, contudo, apenas 10 gigawatts de fazendas solares foram construídas nesses locais.
Quando comparado com a China, os números são reveladores, apenas no ano de 2020, o país asiático construiu fazendas solares com capacidade total de 48 gigawatts.
Os investimentos globais em energia nesses países diminuíram 20% desde 2016 e, em 2020, o investimento em energia limpa em economias emergentes e em desenvolvimento diminuiu 8% para menos de US$150 bilhões.
Por que não há investimentos em mercados emergentes?
Os mercados emergentes oferecem retornos mais baixos e apresentam riscos mais elevados e, por outro lado, “muitas economias emergentes e em desenvolvimento ainda não têm uma visão clara ou uma política de apoio e ambiente regulatório que pode impulsionar transições rápidas de energia”, diz o relatório da AIE. .
“Questões mais amplas a burocracia contra investimentos sustentáveis, procedimentos demorados para licenciamento e aquisição de terras, restrições ao investimento estrangeiro direto, riscos cambiais e fraquezas nos mercados bancários e de capital locais”, diz a instituição.
Essa falta de investimento em energia renovável é citada como a principal razão pela qual as emissões de carbono devem aumentar rapidamente nesses países.
Enquanto as emissões anuais nas economias avançadas devem cair 2 gigatoneladas nas próximas duas décadas e se estabilizar na China, as emissões das economias emergentes e em desenvolvimento devem crescer 5 gigatoneladas
Isso ocorre principalmente porque as economias emergentes na Ásia-Pacífico estão cada vez mais construindo usinas termelétricas a carvão para produzir eletricidade, embora, na maioria das vezes, a eletricidade produzida pela queima do carvão seja mais cara.
De acordo com a IEA, a geração de eletricidade a carvão deve aumentar quase 5% neste ano e mais 3% em 2022 – vale mencionar que a geração de energia a carvão deve aumentar 18% nos EUA em 2021, apesar do governo prometer descarbonizar o setor elétrico.
A AIE afirma que, para reduzir as emissões e enfrentar a mudança climática, os investimentos em novos projetos de energia renovável em países emergentes precisam aumentar quatro vezes, para US$600 bilhões por ano até 2030; e para US$1 trilhão por ano até 2050.
“Tal aumento pode trazer grandes benefícios econômicos e sociais, mas exigirá esforços de longo alcance para melhorar o ambiente doméstico para investimentos em energia limpa nesses países – em combinação com esforços internacionais para acelerar a entrada de capital”, diz o relatório.
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