Mesmo com a pandemia, o nível de atividade econômica cresceu no ano passado em duas regiões: Norte e Centro-Oeste. Os dados são de levantamento do boletim regional realizado pelo Banco Central (BC) e divulgados nesta quinta-feira (04).
Este anúncio aconteceu em meio ao cenário que o Brasil registrou queda histórica de 4,1%, o Produto Interno Bruto (PIB). Tal feito fez o país sair do ranking das 10 maiores economias do mundo. Esta é a maior queda anual registrada em desde 1996 – início da série histórica.
O boletim regional do Banco Central se baseia no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) da instituição, sendo considerado uma “prévia” do resultado do PIB.
Uma das diferenças entre o PIB está que o indicador não considera, por exemplo, investimentos, consumo do governo, gastos das famílias e setor externo.
Atividade econômica por regiões
Confira os resultados divulgados pelo Banco Central por região e confira os fatores que influenciaram os resultados finais divulgados nesta quinta-feira.
Região Norte
Puxada pelo comércio, a região Norte teve a maior alta (0,4%), de acordo com os dados do Banco Central. Os resultados do comércio foram superiores aos das demais regiões.
Um fato que influenciou este resultado foi o pagamento do auxílio emergencial. O programa atingiu 57% das residências da região em novembro de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) COVID-19 do IBGE.
“Adicionalmente, a agricultura, com alta de 5,2% na produção de grãos, e a construção civil, que totalizou geração de 9,3 mil vagas de emprego formal, impulsionaram o resultado. A indústria apresentou comportamento distinto entre os ramos: a extrativa assinalou modesta expansão, enquanto a transformação foi bastante afetada pela crise sanitária”, diz o boletim.
Região Centro-Oeste
Puxada pela produção de alimentos, o desempenho da atividade econômica na região Centro-Oeste teve alta de 0,2%.
“A produção agrícola registrou elevação nas colheitas dos três principais grãos (soja, milho e algodão) e houve crescimento na fabricação de alimentos”, informou, acrescentando que o crescimento da atividade na região, em 2020, também foi favorecido pelas “altas no varejo e nos serviços de transporte”, diz o documento.
Região Sudeste
Já a região Sudeste teve resultados negativos, com queda de 1,3%, de acordo com o Banco Central. A instituição avaliou que a queda só não foi mais significativa porque houve uma compensação entre os setores.
“No setor de serviços, o segmento de atendimento às famílias permaneceu deprimido. No entanto, os serviços financeiros, fortemente concentrados na região, tiveram alta significativa, refletindo a maior demanda das empresas por recursos, face à redução dos fluxos de caixa, e o acesso às linhas especialmente criadas para combate aos efeitos econômicos da pandemia”, informou o boletim.
Região Nordeste
A região Nordeste também teve resultados negativos, com queda de 2,1%, de acordo com o Banco Central. O resultado “decorreu sobretudo das adversidades dos serviços de maior interação entre as pessoas, que têm maior peso na região”.
“Essas adversidades impactaram o mercado de trabalho, com efeitos sobre o comércio, cujo volume acumulou queda – no conceito restrito (exclusive comércio automotivo e de material de construção), a região foi a única a reduzir as vendas em 2020. Como fator de mitigação, o Nordeste foi beneficiado pela concessão do auxílio emergencial, que atingiu 55,3% dos domicílios da região em novembro de acordo com a PNAD COVID 19”, acrescentou.
Região Sul
A região Sul teve queda de 2,1% nas atividades econômicas, de acordo com o Banco Central. O resultado é reflexo da queda na produção de grãos.
“No indicador geral, indústria e comércio recuaram, porém com resultados díspares entre os segmentos. A produção industrial registrou recuo em veículos, vestuário e calçados, e destacou, positivamente, a indústria de alimentos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, produtos de metal, refino de petróleo e celulose”, de acordo com o BC.