A descoberta recente realizada por astrônomos representa um avanço significativo na história da astronomia. Pela primeira vez, foram encontradas evidências de dois planetas compartilhando a mesma órbita ao redor de uma estrela.
Eles estão em um sistema solar diferente do nosso próprio Sistema Solar. Esses planetas fazem parte do sistema planetário em formação conhecido como PDS 70, situado a cerca de 400 anos-luz de distância da Terra.
Descoberta de dois planetas na mesma órbita confirma teoria
Essa descoberta efetivamente confirma uma teoria que foi proposta há duas décadas. Ela indica que planetas de massa similar podem coexistir na mesma órbita em torno de sua estrela.
Esses planetas são conhecidos como “planetesimais troianos” ou “coorbitais”. Olga Balsalobre-Ruza, a principal autora do estudo e estudante do Centro de Astrobiologia de Madrid, na Espanha, ressaltou a importância desse marco na compreensão das dinâmicas dos sistemas planetários.
O sistema PDS 70 abriga dois planetas, o PDS 70b e o PDS 70c, que são gigantes gasosos semelhantes a Júpiter. Os cientistas suspeitam que eles sejam essencialmente “irmãos” em uma órbita compartilhada.
Essa descoberta desafia as concepções anteriores sobre sistemas planetários. Isso porque demonstra que planetas podem coexistir em órbitas em situações em que a coorbitação era considerada improvável.
Habitabilidade conjunta
A ideia de dois mundos compartilhando a mesma duração de um ano e condições de habitabilidade é um conceito fascinante para os astrônomos. Essa descoberta abre novos horizontes na compreensão da diversidade dos sistemas planetários e das complexas interações entre planetas e suas órbitas.
Ela sugere que a natureza dos sistemas planetários é mais variada do que se pensava anteriormente, desafiando as premissas convencionais sobre a formação e evolução dos planetas. Esse feito também evidencia a importância contínua da pesquisa e observação em busca de insights mais profundos sobre os mistérios do cosmos.
A presença do planeta co-orbitante em relação ao PDS 70b foi identificada pelos cientistas como uma extensa nuvem de detritos, com um tamanho aproximado duas vezes maior que o da Lua. Essa nuvem de detritos é interpretada como um indício potencial de um planeta em processo de formação ou dos resquícios de um planeta já totalmente formado. A capacidade de detectar esse fenômeno foi possível graças ao telescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA).
Posição de destaque da descoberta dos dois planetas
Essa descoberta ocupa uma posição de destaque, uma vez que, se for confirmada, fornecerá a evidência mais substancial até o momento de que dois exoplanetas têm a capacidade de compartilhar a mesma órbita em torno de uma estrela. Contudo, a confirmação definitiva ainda está pendente.
A equipe de pesquisa planeja realizar observações adicionais utilizando o ALMA até após o ano de 2026. O propósito dessas observações é verificar se o planeta PDS 70b e sua nuvem de detritos “gêmea” exibem movimentos significantes ao longo de suas órbitas, mantendo-se sincronizados ao redor da estrela.
A validação dessas observações representaria um feito notável no âmbito da pesquisa de exoplanetas, pois solidificaria a existência e a co-órbita desses planetas em formação. Os resultados dessas observações poderiam oferecer valiosas contribuições para nossa compreensão sobre a formação e a evolução dos sistemas planetários.
Além disso, o estudo ressalta que as futuras melhorias planejadas para o ALMA, programadas para 2030, irão aprimorar substancialmente a capacidade da matriz de caracterizar planetas troianos em uma ampla gama de estrelas. Dessa forma, ampliará ainda mais o campo empolgante e promissor da pesquisa exoplanetária.
Planeta Terra demorou menos tempo para se formar do que se imagina
Até o momento, a comunidade científica mantinha a crença de que a formação da Terra se estendeu por mais de 100 milhões de anos. A presença da água, hoje tão abundante em nosso planeta, teria surgido devido a colisões aleatórias com asteroides e cometas ricos em H2O.
No entanto, um estudo recentemente divulgado desafia essa suposição. Conduzido pela Universidade de Copenhagen, o estudo propõe uma perspectiva diferente. Ele indica que a formação da Terra pode ter ocorrido em um período mais curto e que a presença de água pode ser uma consequência intrínseca desse processo.
Martin Bizzarro, um dos cientistas envolvidos no estudo, explica que a Terra pode ter se originado a partir da rápida agregação de pequenos seixos, fragmentos rochosos milimétricos. Isso teria possibilitado a formação do planeta em poucos milhões de anos.
Segundo Bizzarro, a presença de água na Terra seria então um subproduto natural desse processo de formação. Essa nova abordagem, de acordo com ele, aumenta as perspectivas de encontrar planetas habitáveis em outras partes do Universo. Ele afirma que, com esse novo mecanismo de formação, as chances de identificar planetas propícios à vida na galáxia são consideravelmente maiores.
Martin Schiller, também autor do estudo, explica que a teoria convencional da formação da Terra sustentava uma fonte. O planeta havia sido construído gradualmente através de colisões sucessivas de corpos celestes, levando cerca de 100 milhões de anos para alcançar seu tamanho atual.
Nesse cenário, a existência de água teria sido um evento fortuito, possivelmente resultante de bombardeios de corpos gelados no estágio final da formação terrestre. A nova perspectiva proposta pelo estudo implica que a Terra pode ter sido formada de maneira mais rápida.
Ademais, a presença de água estava intrinsecamente ligada a esse processo desde o início. Isso, por sua vez, implica que a probabilidade de encontrar água em planetas fora do nosso Sistema Solar é potencialmente maior do que se acreditava anteriormente.