Os sheiks árabes são conhecidos por sua vida extravagante, cercada por bilionários, presidentes de grandes potências, celebridades do esporte e até animais selvagens como leões e panteras como animais de estimação. No entanto, há mais por trás desse estilo de vida do que os barris de petróleo que resgatam fortunas do mar e do deserto. A Arábia Saudita, por exemplo, está diversificando sua economia investindo em esportes, contratando estrelas globais como Neymar e Cristiano Ronaldo e mais recentemente fazendo investimentos no Brasil.
A Arábia Saudita vem utilizando seu fundo soberano para fazer grandes investimentos no futebol brasileiro. O país contratou recentemente uma série de estrelas globais, incluindo Neymar e Cristiano Ronaldo. No entanto, há mais nessa história do que apenas a contratação de jogadores de futebol.
Cristiano Ronaldo foi comprado pelo clube árabe Al-Nassr até 2025, por quase 200 milhões de euros por ano – mais de R$ 1 bilhão por ano. Enquanto isso, Neymar foi comprado pelo Al-Hilal por 100 milhões de euros, e receberá mais de R$ 1 bilhão em dois anos de contrato.
Esses clubes são financiados pelo fundo soberano da Arábia Saudita, um dos maiores do mundo em termos de volume de ativos, que pertence ao governo local.
No entanto, esse mesmo fundo soberano fez recentemente um grande investimento em uma empresa brasileira conhecida por ser uma excelente pagadora de dividendos: a Vale (VALE3).
O fundo soberano saudita adquiriu 10% do segmento de metais básicos (níquel e cobre) da Vale, que são amplamente utilizados na fabricação de baterias elétricas. Este investimento de US$ 2,6 bilhões tem o objetivo de posicionar a Arábia Saudita como um grande player em um futuro global de transição energética.
Richard Camargo, analista da Empiricus, acredita que este investimento significa que a Vale continuará sendo uma ação de destaque em termos de pagamentos de dividendos, apesar de o dinheiro árabe não influenciar diretamente neste momento. Ele afirma que a Arábia Saudita é um parceiro estratégico para financiar mais investimento na divisão de renováveis da Vale.
Apesar de o investimento não impactar diretamente a geração de dividendos, estamos falando de um investimento substancial para uma empresa que já está muito bem posicionada entre os analistas. Para colocar em perspectiva, a empresa inteira é avaliada em 4x EBITDA, enquanto o setor em que o fundo árabe investiu foi avaliado em 10x EBITDA.
Apesar de não ver uma relação direta entre o investimento árabe e os dividendos da Vale, Richard Camargo acredita que a mineradora brasileira está entre as 5 melhores empresas do momento para quem busca dividendos.
A Vale S.A. é uma corporação multinacional brasileira que se destaca no setor de mineração e logística. Considerada uma das maiores empresas de mineração do mundo, ela é também a maior produtora global de minério de ferro e pelotas e de níquel.
A Vale foi fundada em 1942 durante o governo de Getúlio Vargas. A origem da empresa está ligada à exploração de minas de ferro na região de Itabira, no estado de Minas Gerais. O nome original da empresa era Companhia Vale do Rio Doce, que foi usado até 2007.
A empresa cresceu e se expandiu, tornando-se uma das maiores exportadoras do Brasil. Em 2008, chegou a ser a 33ª maior empresa do mundo, segundo o jornal Financial Times. No entanto, em 2009, a marca e o nome da empresa mudaram de Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) para Vale S.A., nome pelo qual sempre foi conhecida nas bolsas de valores.
A Vale é hoje uma empresa privada, com ações negociadas nas bolsas de valores de São Paulo (B3), Madrid (LATIBEX) e Nova York (NYSE). A empresa opera em 14 estados brasileiros e em cinco continentes e possui cerca de dois mil quilômetros de malha ferroviária e nove terminais portuários próprios.
A Vale é considerada a maior produtora de minério de ferro e pelotas do mundo, posição que atingiu em 1974 e ainda mantém. Além de minério de ferro, a empresa também produz manganês, ferroligas, cobre, bauxita, potássio, caulim, alumina e alumínio.
No setor de energia elétrica, a Vale participa em consórcios e atualmente opera nove usinas hidrelétricas, no Brasil, no Canadá e na Indonésia. A empresa consome cerca de 5% de toda a energia produzida no Brasil.
Em 2007, a Vale incorporou a canadense Inco, a maior mineradora de níquel do mundo. A empresa também atua na produção de cobre, com a expectativa de se tornar uma das maiores players mundiais dessa commodity nos próximos anos.
A Vale mantém uma rede de logística que integra minas, ferrovias, navios e portos no Brasil, Indonésia, Omã, Malásia e China. A empresa opera cerca de 2 mil quilômetros de malha ferroviária no Brasil e tem acordos para utilizar linhas na África.