Após vacinação ilegal, Guedes cancela agenda com CNT
O ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu cancelar uma reunião que aconteceria nesta sexta-feira (26), com a Confederação Nacional do Transporte (CNT). O ministro não deu motivos para isso, mas o jornal O Estado de S.Paulo, revelou que irritado com à vacinação ilegal de empresários do setor, suspendeu a conversa até que houvesse um explicação da CNT.
A vacinação ilegal aconteceu nesta quarta-feira (24) onde um grupo de políticos, empresários e seus familiares, a maioria do setor do transporte, teriam se vacinado. O grupo teria tomado, em Belo Horizonte, a primeira dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19.
Na lista dos imunizados ilegalmente estão, por exemplo, o ex-senador e ex-presidente da CNT Clésio Andrade. “Estou com 69 anos, minha vacinação (pelo Sistema Único de Saúde) seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”, contou à revista Piauí.
A compra de vacinas por parte dos empresários foi possível graças a uma recente lei aprovada no Congresso e sancionada por Bolsonaro. Na prática, a lei permite que aconteça a compra das vacinas por empresas, porém essas devem entregues, por enquanto, totalmente ao SUS.
Os empresários só poderão ficar com 50% dos lotes que comprarem quando todos os grupos prioritários forem vacinados no país. Até lá, toda vacina adquirida deve ser de propriedade do SUS, de acordo com a lei.
Vacinação ilegal e investigação
Ainda na quinta-feira (25), Guedes se mostrou a favor que empresários comprem os imunizantes contra a Covid-19. “Nossos empresários têm capacidade de ir lá fora e comprar sobras de vacina”, defendeu.
Ainda no mesmo dia, Guedes disse que Luciano Hang, o “Véio da Havan”, e Carlos Wizard devem doar 10 milhões de vacinas para o SUS.
“Isso é só para vocês verem a capacidade do impacto que o setor privado pode ter. Dois empresários têm 10 milhões de vacinas para doar. Então imaginem 100 empresários, agora são dois deles, então seria 50 vezes essa doação de 10 milhões. E nós temos 100 empresários que possam querer fazer essas doações. Seriam 500 milhões de vacinas”, disse o ministro.
Neste enredo, a vacinação ilegal vêm sendo apurada pela Polícia Federal, na chamada “Operação Camarote”. Ao menos quatro crimes são apurados por parte dos empresários, entre elas “desencaminho” e “importação de mercadoria proibida”.
O enquadramento do crime vai depender se as doses da vacina contra Covid-19 foram compradas antes ou depois da aprovação da lei.