Há pouco tempo, os brasileiros foram surpreendidos com a chegada do PIX. O meio de pagamento instantâneo logo caiu na graça da população, e sua adesão surpreendeu o mercado. Aliás, o uso expressivo do PIX impulsionou o Brasil em ranking mundial de pagamentos instantâneos.
O Banco Central (BC) lançou o PIX no final de 2020, ou seja, faz menos de três anos que o sistema está em funcionamento no país. As facilidades trazidas por essa nova forma de transferência monetária totalmente gratuita foi aprovada pela população. E mais uma novidade está chegando: o Real Digital.
Em março deste ano, o BC deu início ao projeto-piloto do real digital. Esse é um grande passo para a entidade financeira, que deverá mudar a vida de milhões de brasileiros nos próximos anos.
Você já ouviu falar no real digital, a futura moeda virtual oficial do país? Para quem não sabe, o BC iniciou os testes com a moeda, mas isso começou a acontecer apenas em ambiente simulado, ou seja, ainda ainda não envolve transações e valores reais.
A expectativa é que o projeto siga em execução até fevereiro de 2024. Em resumo, apenas instituições financeiras autorizadas e escolhidas pelo BC estão participando do projeto-piloto do real digital, como o Banco do Brasil, o Bradesco e o Itaú.
Nos próximos meses, o projeto irá simular a participação de usuários finais através de depósitos codificados do real digital. Além disso, também haverá simulação de compra e venda de títulos públicos, que contará com a parceria do Tesouro Nacional.
Caso tudo ocorra como o planejado, a compra e a venda desses títulos públicos poderá acontecer com o real digital no futuro. De acordo com o BC, a Hyperledger Besu foi a plataforma escolhida para os testes do real digital.
Real digital vai acabar com o papel?
Ao fim dos testes com o projeto-piloto, o real digital deverá passar por uma etapa de avaliação em março de 2024, antes do lançamento ao público. Inclusive, o coordenador da iniciativa do real digital, Fabio Araújo, informou que o lançamento ao público deverá ocorrer até o fim de 2024.
“Trabalhamos com a expectativa de conseguir amadurecer o projeto o suficiente para permitir acesso à população no fim de 2024“, disse Araújo. Isso quer dizer que a população poderá começar a utilizar o real digital muito em breve.
Em meio a esse cenário, muitos brasileiros se perguntam se o lançamento do real digital vai acabar com o dinheiro em papel. Para quem tem esse medo, pode ficar tranquilo, porque isso não acontecerá.
Na verdade, a moeda virtual oficial será apenas uma extensão do papel moeda. Assim, as pessoas terão a possibilidade de utilizá-la para realizar transações financeiras, como já o fazem com o dinheiro presente em contas bancárias ou aplicativos financeiros real.
Aliás, o BC irá emitir a moeda, além de ser responsável por sua custódia. Os brasileiros terão mais uma forma de movimentação financeira virtual. Isso sem falar que também haverá a possibilidade de converter a moeda virtual e sacá-la em papel-moeda.
“A diferença fundamental [do real digital] será a tecnologia, você poder ganhar eficiência e baratear o custo e prestar serviços que não são possíveis hoje“, explicou Fabio Araújo.
Inclusão financeira no Brasil
O real digital vem ao mundo com a proposta de ficar à disposição de todos no país, incluindo fintechs e regulados. Dessa forma, promoverá uma inclusão financeira mais ampla e transparente “através de algoritmos e de smart contracts [contratos inteligentes]“, segundo Araújo.
Em entrevistas concedidas meses atrás, o coordenador do real digital também afirmou que a ferramenta trará “uma possibilidade muito grande de inclusão financeira, principalmente em relação à redução da sub-bancarização”. Segundo ele, isso dará “acesso a serviços financeiros que as pessoas ainda não têm, através dos sistemas que o real digital pode oferecer“.
Araújo ainda afirmou que os bancos vêm demonstrando grande interesse pelo projeto e pela adoção de moedas virtuais emitidas por Bancos Centrais.
A propósito, há várias diferenças entre o real digital e o bitcoin, principal criptomoeda do planeta, e a principal delas é o seu controle. As criptomoedas surgiram com o objetivo de serem moedas descentralizadas, ou seja, governos ou bancos não podem controlá-las. Por outro lado, o real digital ficará sob controle do BC.
Real digital reduzirá custos para a população
O BC afirma que o real digital proporcionará a redução de custos nas operações bancárias para a população. A expectativa é que isso ajude a popularizar produtos bancários através das fintechs, que são pequenas empresas de tecnologia ou startups cuja atuação ocorre no setor financeiro.
Por fim, vale destacar a escassez é um ponto muito presente nas moedas digitais. Como estas são consideradas ativo, a sua escassez acaba aumentando o seu valor atribuído, em especial o bitcoin. Como o real digital é apenas uma extensão do papel moeda, seu valor continua o mesmo do dinheiro físico.