Antirracismo: Como debater o tema na redação e na sala de aula
O tema tomou as redes sociais e a mídia para combater um mal que está presente em todas as sociedades
O movimento antirracista ganhou notoriedade após os trágicos eventos ocorridos não somente nos Estados Unidos como também no Brasil e resto do mundo.
A cada dia vemos casos de racismo acontecendo e repercutindo na mídia para expor a face de quem comete o ato criminoso. E ao que tudo indica, ninguém está livre. Vemos desde jogadores de futebol famosos até entregadores de delivery vivenciando, como vítimas, as mais diversas situações.
Apesar do racismo não ser uma novidade – longe disso – atualmente o tema entrou em debates mais acalorados e extremamente necessários. Desse modo, pode surgir em peso em provas de vestibulares, no ENEM e durante as aulas da escola ou faculdade.
Como, então, abordar o antirracismo de forma estruturada? Trouxemos aqui algumas reflexões.
1. Ninguém nasce racista
As pessoas não nascem racistas, de fato. Um tuíte do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, citando Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, em 2017 fala exatamente sobre isso:
“Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, de sua origem ou de sua religião. As pessoas devem aprender a odiar e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor vem mais naturalmente para o coração humano do que seu oposto. ”
Além disso, de acordo com muitos especialistas, crianças pequenas não escolhem amigos naturalmente com base na cor de sua pele.
Diversos vídeos que circulam pela internet, alguns encabeçados por grandes marcas e entidades, exibem crianças diante de imagens com pessoas negras. De acordo com elas, na totalidade, a cor da pele não surge como uma diferença plausível de ser exaltada. Elas nem citam a etnia para se ter uma ideia.
Segundo Sally Palmer, professora do Departamento de Psicologia Humana e Desenvolvimento Humano da University College London, as crianças percebem, sim, a cor da pele das pessoas nas imagens. Contudo, esse não é um fator que importa para eles.
2. Racismo é aprendido
Pode-se abordar o racismo como um comportamento aprendido. De acordo com um estudo de 2012 realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard, crianças a partir dos três anos de idade podem adotar comportamento racista quando expostas a ele, mesmo que não entendam a razão.
De acordo com o psicólogo social Mazarin Banaji, as crianças são rápidas em pegar frases e ‘tiradas’ racistas e preconceituosas de adultos.
Ele afirma que um teste feito para obter resultados nesse sentido percebeu que alguns participantes brancos atribuíram a um rosto feliz a uma cor de pele branca e um rosto zangado a um rosto que perceberam ser negro ou moreno. Nesse mesmo estudo, entretanto, as crianças negras testadas não apresentaram viés de cor.
Em contrate com essa realidade, Banaji afirma que o preconceito racial pode ser desaprendido. Ou seja, o antirracismo pode ser embutido na sociedade, mesmo que ela seja predominantemente racista.
3. Existem diferentes tipos de racismo
De acordo com estudos das ciências sociais, válidos mundialmente, existem sete formas principais de racismo:
- Representacional
- Ideológico
- Discursivo
- Interacional
- Institucional
- Estrutural
- Sistêmico
O racismo também pode ser definido de outras maneiras, como por exemplo: racismo reverso – que tem causado polêmica atualmente -, racismo sutil, racismo internalizado, colorismo.
4. Líderes negros
Citar o antirracismo sob viés de grandes ativistas negros pode agregar valor à redação ou ao debate.
Pode-se abordar, por exemplo, a história de Malcolm X, que lutou pelos direitos civis dos negros nos EUA. O ativista teve seu pai assassinado pela Klu Klux Klan – organização terrorista que perseguia negros nos Estados Unidos. Embarcou então em um ativismo intenso a favor da autodefesa dos negros contra a repressão dos brancos.
Em 1968, o pastor e ativista Martin Luther King morreu baleado. Seu engajamento consistia em reivindicar os direitos eleitorais para os negros nos EUA. Por conta de sua luta, a opinião pública americana se modificou, assim como os rumos políticos. O então presidente Lyndon Johnson implementou a Lei dos Direitos de Voto em 1965 a partir do ativismo de King.
Além disso, há como falar sobre Rosa Parks, outro ícone do ativismo negro e que pode cair no ENEM. Presa após negar-se a ceder seu lugar no ônibus a um homem branco na cidade de Montgomery, no Alabama, ficou conhecida como um expoente do antirracismo.
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5. Aprender o antirracismo
O racismo ao extremo é manifestado por grupos como o KKK, conforme citamos anteriormente, e outros grupos de supremacia branca.
Diversos casos pelo mundo provam que o mesmo o racismo pode dar lugar ao antirracismo. Há inclusive organizações que voltam seu trabalho para combater o extremismo violento e ajudar aqueles que participam de grupos de ódio a encontrar caminhos para sair deles.
Todos esses recursos para debater o antirracismo podem interessar educadores, pais, grupos religiosos e indivíduos que queiram assimilar melhor o conteúdo e ajudar na conscientização.