A ideia de que a inflação no Brasil iria estourar a meta em 2023 era tida como uma certeza há alguns meses. Contudo, a melhora da atividade econômica modificou completamente o pensamento dos analistas do mercado financeiro, que acreditam cada vez mais no cumprimento da meta neste ano.
Em resumo, os analistas reduziram mais uma vez as estimativas em relação à inflação no Brasil em 2023. Há sete semanas que eles projetam uma taxa dentro da meta definida para 2023, algo que é muito positivo para o país, já que reflete o fortalecimento da economia no ano.
De acordo com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 4,53% neste ano. A taxa é menor que a projetada na semana anterior (4,55%) e segue dentro do limite estabelecido para a inflação em 2023.
A propósito, o BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Os analistas do mercado financeiro ficam atentos a todos os dados divulgados no país. Em outubro, o IPCA subiu 0,24%, abaixo da taxa de agosto (0,26%). Além da desaceleração, os analistas também repercutiram o fato de a taxa vir abaixo das estimativas do mercado (0,29%). A propósito, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é a inflação oficial do país.
Em suma, a inflação elevada provoca uma desaceleração econômica, já que corresponde ao aumento nos preços de produtos e serviços. Como a taxa veio menor que o esperado em outubro, os analistas reduziram novamente as estimativas nesta semana, e continuam acreditando que a variação em 2023 ficará dentro da meta estabelecida.
Cabe salientar que o IBGE coleta os preços de diversos produtos e serviços e divulga as variações mensalmente, através do IPCA. Inclusive, o indicador é muito importante, pois diversas políticas públicas e a ações do Banco Central se baseiam na variação da inflação para definirem diretrizes e caminhos a seguir.
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas acreditam que o Brasil cumprirá a meta da inflação em 2023, visto que a taxa projetada para este ano está dentro do limite definido. Caso isso se confirme, o resultado irá suceder dois anos de estouro da meta da inflação, período em que os preços de produtos e serviços subiram mais do que deveriam no país.
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Após algumas semanas de estabilidade, o mercado reduziu pela segunda vez as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 2,85% para 2,84%. Apesar da queda, o crescimento do PIB do Brasil deverá se manter próximo ao avanço registrado no ano passado (2,90%).
Já para 2024, as projeções não tiveram alterações, permanecendo estáveis em 1,50% pela décima semana consecutiva. A alta estimada para o ano que vem é quase metade do projetado para 2023, e isso deverá acontecer, principalmente, por causa da forte base comparativa.
Além disso, o planeta ainda sofre com os impactos da pandemia da covid-19 e da guerra entre Rússia e Ucrânia, mesmo que em menor grau. Isso sem contar com os conflitos no Oriente Médio, entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas. Estes fatores deverão contribuir para que haja um crescimento menos expressivo do PIB brasileiro no ano que vem.
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic pela 16ª semana consecutiva, em 11,75% neste ano. Nos últimos meses, o BC promoveu um corte de 1,5 ponto percentual da Selic, que agora está em 12,25% ao ano.
No início de novembro, o BC promoveu a redução mais recente, seguindo com a política menos contracionista de juros. Nas três últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, houve cortes de meio ponto percentual em cada uma delas, e a expectativa é que haja uma nova redução de mesma magnitude em dezembro, no último encontro do Copom em 2023.
Para 2024, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 9,25%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros, reduzindo o poder do consumidor. Além disso, mostra que o BC deverá pisar no freio, parando de cortar os juros em 0,50 ponto percentual em todas as suas reuniões.