Os analistas do mercado financeiro elevaram mais uma vez as estimativas para a inflação no Brasil em 2023. As novas projeções indicam que a taxa inflacionária deverá encerrar o ano a 6,01%, ante variação de 5,98% na semana anterior.
Em resumo, esse cenário indica que os preços dos bens e serviços deverão subir mais que o esperado neste ano, pressionando a renda dos brasileiros. Os dados estão presentes na atualização do relatório Focus.
A pesquisa traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país. O aumento das projeções é o terceiro consecutivo e mostra que a inflação deve continuar em patamar elevado no país pelos próximos meses.
Contudo, as estimativas mais recentes trazem variações bem leves, ou seja, a taxa inflacionária não deverá subir significativamente no país até o final do ano. Para 2024, a taxa passou de 4,13% para 4,18%, refletindo maior pessimismo dos analistas.
A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nesta segunda-feira (17). Com o acréscimo desses dados, as novas projeções para a inflação ficaram um pouco mais distantes da meta definida para 2023.
Neste sentido, cabe ao BC agir para buscar uma taxa abaixo dessa meta.
CMN define a meta da inflação
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação de 2023 tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais que o esperado mais uma vez.
Inflação em alta no Brasil em 2023
Neste ano, os brasileiros deverão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Na verdade, a taxa já está mais alta que o esperado e isso pode ficar ainda mais intenso com a volta da arrecadação de impostos sobre combustíveis.
Em síntese, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em janeiro deste ano um pacote de medidas adotadas pelo governo federal para reduzir o rombo das contas públicas. Para 2023, o déficit aprovado pelo Congresso Nacional foi de R$ 231,5 bilhões. Contudo, os esforços do governo devem reduzir o rombo para R$ 120 bilhões.
Nesse cenário, o déficit das contas públicas diminui, graças ao aumento da arrecadação federal, ou seja, os brasileiros passam a pagar mais caro. Para segurar a inflação, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas os juros da economia brasileira, a Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022.
Dessa forma, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016. Além disso, é importante destacar que a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024, mas não tanto quanto o esperado, principalmente devido ao retorno dos impostos sobre os combustíveis. Por ora, os juros deverão se manter em patamar elevado por mais algum tempo.
Estimativas para o PIB brasileiro encolhem
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro reduziu levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,91% para 0,90%.
Nas últimas semanas, os analistas elevaram de maneira recorrente as estimativas para o PIB do país em 2023, o que indica maior otimismo para este ano. Ainda assim, o crescimento do PIB do país deverá ser bem menor que o registrado em 2022.
Já para 2024, as projeções recuaram de 1,44% para 1,40%, segundo recuo seguido. Embora venha caindo, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem do que em 2023, considerando que os impactos da inflação deverão estar mais brandos no país.
Por fim, os analistas estimaram que a taxa Selic ficará em 12,50% ao ano em 2023, após oito semanas projetando uma taxa de juros em 12,75% ao ano. Já para o ano que vem, os juros deverão ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros.