As cobras da espécie cascavel, também conhecidas como Crotalus durissus cascavella, estão passando por uma mudança em seu território no Brasil. Anteriormente encontradas em regiões de vegetação aberta, como a Amazônia e a Mata Atlântica, as cascavéis estão se deslocando para o Sudeste do país, que é uma região mais populosa.
Essa alteração está relacionada às mudanças climáticas, conforme revela um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo, publicado na revista científica Perspectives in Ecology and Conservation, corrobora uma teoria desenvolvida nos anos 50.
A teoria sugere que a expansão das cascavéis está ocorrendo devido ao desmatamento de seu habitat natural. Além disso, os pesquisadores identificaram a influência das mudanças climáticas nesse processo.
Os dados foram coletados por meio de modelagem de distribuição geográfica. Eles mostram que duas condições têm alterado a distribuição da espécie ao longo das últimas décadas:
O estudo enfatiza que, uma vez que a Crotalus durissus é uma cobra venenosa, sua expansão geográfica tem implicações significativas para a saúde pública. Isso se dá especialmente em países em desenvolvimento.
A principal preocupação dos cientistas está relacionada aos perigos que a presença dessa cobra peçonhenta pode representar para a vida humana em áreas próximas a regiões urbanas. De acordo com o Ministério da Saúde, dos 31 mil acidentes com serpentes registrados, 121 resultaram em óbito, sendo 9% deles causados pela cascavel.
“Considerando que as mudanças climáticas já são uma realidade, atualmente o reflorestamento e o controle do desmatamento se mostram como as medidas mais eficazes para conter a expansão da cascavel pelo território brasileiro”, ressalta Mariana Vale, professora do Instituto de Biologia da UFRJ e coautora do estudo.
A picada de uma serpente da espécie causa diversas alterações no organismo, tais como:
Nesses casos, o socorro adequado deve ser providenciado por meio de atendimento médico em uma unidade de saúde com a administração do soro antiofídico.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um plano estratégico este ano com o objetivo de reduzir em 50% as fatalidades resultantes de acidentes com cobras até o ano de 2030. Segundo dados da organização, anualmente são registrados 3 milhões de casos de picadas, que levam a pelo menos 138 mil mortes no mundo.
O Instituto Butantan é uma referência nacional em pesquisas sobre animais peçonhentos e desenvolvimento de soros antiofídicos. Em caso de picada de cobra, o Butantan orienta:
No hospital, a vítima terá uma avaliação feita por um médico que decidirá se é necessário administrar o soro. O soro antiofídico é uma preparação de anticorpos que neutralizam o veneno da cobra. Ele é geralmente eficaz em prevenir ou reduzir os efeitos do envenenamento.
É importante lembrar que o soro é uma terapia de suporte e não cura o envenenamento. O paciente também precisará receber cuidados médicos para tratar os sintomas causados pelo veneno. A picada de cobra é uma situação grave, mas se a vítima receber atendimento médico adequado, as chances de recuperação são boas.