Uma notícia acabou pegando muitos motoristas de surpresa. O estado de Minas Gerais poderá sofrer com a falta de combustível no decorrer dos próximos dias. Ao menos este foi o alerta feito pelo Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do estado (Minaspetro).
Segundo o órgão, o maior risco de falta do combustível é no interior do estado, sobretudo nos postos que possuem marca própria. O Sindicato explica que os distribuidores estão começando a cortar os pedidos de importação do combustível, sobretudo do diesel S10 e S500.
Isso estaria ocorrendo porque o preço do combustível fora do Brasil está mais alto do que o patamar que está sendo registrado internamente, sobretudo depois do fim da Paridade de Preços de Importação (PPI). Qual a consequência? Com a demanda mais alta do que a oferta, os postos podem ficar sem diesel nas bombas.
Dados mais recentes da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) mostram que na última terça-feira (8), a defasagem do diesel estava na casa dos 22%. Esta seria a diferença entre o preço do combustível que é praticado no Brasil e aquele que é praticado internacionalmente. No caso da gasolina, esta diferença é de 19%.
O Sindicato baseia o alerta em mensagens que vem recebendo de diversos revendedores. Eles estariam informando que as bases de distribuidoras estão cortando os pedidos, sobretudo as solicitações que são relacionados ao diesel S10 e S500. É justamente neste contexto que surge o problema e o risco de desabastecimento.
“Isso se deve, possivelmente, pela defasagem do preço interno em comparação com os valores praticados no mercado internacional, alertada amplamente pelos especialistas do mercado”, pontua a nota publicada pelo Sindicato no início deste semana.
“O Minaspetro irá notificar os órgãos reguladores e reforça o alerta à população sobre o risco de desabastecimento para o diesel, um problema grave para o andamento harmônico da economia e da sociedade. Caso a situação permaneça, haverá postos, especialmente do interior e Marca Própria, sem combustível para a venda ao longo da semana”.
“O risco de desabastecimento é algo que deve ser fortemente combatido por todos os elos da cadeia. O Minaspetro vem alertando que o abandono à Paridade de Preços de Importação (PPI) seria um risco para o mercado de combustíveis e, sobretudo, para a própria estatal”, segue a nota.
A Petrobras foi procurada para explicar o seu lado da história. Em nota, a estatal disse que trabalha para ajudar o país e os motoristas a pagarem menos pelos seus combustíveis.
“A Petrobras está cumprindo integralmente suas obrigações contratuais junto às distribuidoras. Destaca-se ainda que, atualmente, o mercado brasileiro é atendido por diversos atores além da Petrobras (distribuidoras, importadores, refinadores, formuladores), que produzem e importam derivados com frequência e têm plena capacidade de atender demandas adicionais”.
No último trimestre, a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 28,8 bilhões no período. Este é o décimo maior lucro trimestral da história da empresa. De todo modo, quando se compara com os três primeiros meses do ano, houve uma queda de 24,6%. Críticos afirmam que a queda tem relação com o fim do PPI.
Esta não é, no entanto, a opinião do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
“É bom que se diga que a queda se deve à variação do preço do petróleo tipo brent e das margens internacionais, especialmente a do diesel. Eu faço aqui essa colocação porque eu vi várias pessoas já imputando ou tentando atribuir o resultado à política de preço. É absolutamente desconexa essa linha de raciocínio. Nós tivemos uma queda brutal do brent. Estamos numa outra circunstância. Essa circunstância atinge por igual as nossas empresas-irmãs, tanto privadas quanto estatais”, disse Jean Paul Prates.