ALERTA aos Consumidores: Empresas reduzem tamanho das embalagens sem reduzir os preços; veja lista de produtos
Levantamento mostra que embalagens de alguns produtos estão ficando menores, mas os preços não estão sendo reduzidos
Imagine a seguinte situação: uma empresa decide reduzir o tamanho das embalagens de determinado produto, mas não reduz o preço, ou seja, o consumidor precisa pagar o mesmo valor por uma quantidade menor. Casos como este são mais comuns do que se imagina, e estão gerando críticas de diversos consumidores ao redor do país.
A estratégia de reduzir o tamanho da embalagem está sendo usada por diversas empresas, e por mais incrível que possa parecer, não é ilegal. A legislação brasileira indica que as empresas têm o poder de decidir qual o preço dos seus produtos e das quantidades deste produto. De todo modo, a companhia precisa informar sobre a redução ao consumidor.
Exemplos de redução
- Tang
Um dos casos mais famosos de redução da embalagem é referente a marca Tang. Quem costuma comprar os refrescos em pó, certamente já percebeu uma diminuição acentuada na quantidade de pó que é vendido por embalagem. Estas diminuições ganharam força sobretudo no decorrer do ano passado.
Em agosto de 2022, o sachê de Tang teve uma redução de 25g para 18g, ou 28% a menos. A mudança é perceptível para qualquer pessoas que olha o produto na prateleira do supermercado. O aviso da redução está presente na embalagem, mas o cidadão só consegue perceber caso analise as letras miúdas.
- Maizena
O biscoito Maizena também foi reduzido. A embalagem foi de 200g para 175g. O wafer da mesma marca foi de 160g para 100g neste mesmo período de tempo.
“O tamanho da embalagem não muda, o que muda é o peso dentro dela. É uma forma de disfarçar a informação. Dado que você está levando menos produto pelo mesmo preço, está pagando mais caro”, disse o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Na imagem abaixo, você pode conferir alguns outros casos de reduções na embalagem que estão gerando críticas de consumidores no Brasil:
Projeto no Congresso Nacional
Está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei que obriga as empresas a prestarem mais atenção neste assunto. Segundo o texto, nos seis meses seguintes após à diminuição do tamanho das embalagens e produtos, a empresa precisa informar a decisão de redução do item de forma explícita nos rótulos.
O autor do projeto em questão é o senador Guaracy Silveira (PP-TO). Ele argumenta que o Brasil vem registrando um aumento no número de consumidores que se sentem lesados pela prática de redução das embalagens. Muitos deles afirmam que só percebem que houve uma diminuição na quantidade no momento do consumo.
“Em meio à alta da inflação, um artifício para camuflar a elevação dos preços se tornou frequente: a redução das embalagens, com diminuição do volume e da quantidade de produtos, sem a proporcional redução do preço. Se a quantidade do produto diminui mas o preço é o mesmo, isso é publicidade enganosa, pois induz o consumidor ao erro”, disse o senador ao defender a aprovação do seu projeto.
“Trata-se da velha tática da indústria de reduzir a embalagem ou o peso dos pacotes, enquanto os preços dos produtos continuam iguais ou até aumentam. O consumidor tem a ilusão de continuar a pagar o mesmo valor, mas leva uma quantidade menor do produto pra casa”, completou ele.
O que dizem as empresas sobre as embalagens
De uma maneira geral, as empresas que adotam o sistema de redução das embalagens afirmam que este procedimento não estaria afetando o item em si. Executivos responsáveis pela marca Tang, gerida pela Mondelez Brasil, dizem que a nova quantidade que está sendo vendida ainda rende 1 litro, como ocorria anteriormente.
Eles dizem ainda que a redução não teria relação com uma tentativa de aumentar os lucros, e que o novo pacote foi firmado após uma atualização da receita usada na preparação do produto.