Acesso a ensino superior tem proporção desigual de pretos, pardos e classes baixas
O estudo também mostra que as desigualdades aumentaram com as mudanças no Fies, o programa de financiamento estudantil
Dados do novo Mapa do Ensino Superior divulgado pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior Privado (Semesp), mostram que menos de três a cada 10 estudantes, entre 19 e 24 anos matriculados no ensino superior, se autodeclaram pretos ou pardos.
A renda também se diferencia entre quem consegue fazer ou não uma graduação. Apesar de pessoas das classes A e B representarem pouco mais de 3% da população brasileira, elas respondem por quase 10% dos estudantes matriculados em universidades.
Já as pessoas da classe E – as de mais baixa renda -, que representam quase a metade da população, 45%, respondem por menos de 25% das matrículas.
De acordo com Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, apesar da política de cotas, o ensino superior no Brasil continua sendo excludente.
O estudo também mostra que as desigualdades aumentaram com as mudanças no Fies, o programa de financiamento estudantil. Em 2014, 21% dos estudantes usavam o programa do governo para pagar as mensalidades. Em 2018, a proporção caiu quase 10 vezes e só 2,6% dos estudantes usavam o programa para pagar os cursos.
As taxas de evasão mostram que está mais difícil concluir o ensino superior. Em 2010, dois em cada 10 estudantes abandonaram os estudos. Em 2018, essa proporção subiu para três a cada 10 e, com a pandemia de coronavírus, a previsão é de que essa proporção chegue a quatro em cada 10.
Segundo o estudo, 8,450 milhões pessoas estavam matriculadas em alguma instituição de ensino superior em 2018. Desse total, pouco mais de 2 milhões em universidades públicas.
Inadimplência cresce 72,4% com novo coronavírus
Recentemente o Semesp também divulgou outra pesquisa revelando que o impacto do novo coronavírus no setor aumentou a inadimplência para 72,4% em abril, em comparação ao mesmo mês de 2019. A taxa fechou em 26,3% contra os 15,3% registrados no ano passado.
O levantamento foi realizado com base em uma amostra de 146 instituições brasileiras de pequeno e médio porte (com menos de 7 mil estudantes) e de grande porte (com mais de 7 mil). As instituições de ensino superior de grande porte foram as que mais sofreram com a alta de inadimplência, registrando um percentual de 29,5% em relação aos 25,2% dos estabelecimentos de pequeno e médio porte.
Outro dado que o estudo levantou foi a taxa de evasão, que analisa o percentual de estudantes que desistiram do curso ou trancaram a matrícula. No mês de abril, a taxa aumentou 32,5% em um ano. Para o instituto, esse número alcançou principalmente os cursos presenciais, que durante a pandemia ficaram impossibilitados de continuarem.