A taxa Selic aumentou novamente, o que preciso saber?
A taxa Selic (Sistema Especial e Liquidação e Custódia) é um dos principais indicadores da economia brasileira. Ela influencia todas as taxas básicas de juros do país, como dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras, além de ser a principal ferramenta do Banco Central (BC) para controlar a inflação.
A taxa Selic, em Março deste ano, já subiu de 2,00% para 2,75% ao ano. Falamos sobre isso aqui.
Agora, o COPOM (Comitê de Politica Monetária) decidiu, novamente, aumentar a taxa, que subiu de 2,75% para 3,50% ao ano. E já anunciam uma nova alta de mais 0,75%, para ser aplicada em breve.
Como isso deve influenciar nossas decisões com o dinheiro? Veja conselhos de especialistas.
É hora de financiar um imóvel?
O sonho da casa própria povoa a mente de muitos brasileiros, e existem muitos caminhos para se chegar lá. A maioria acaba recorrendo ao financiamento bancário de seu imóvel. Outros planejam investir em imóveis, como forma de garantir uma boa renda futura.
Infelizmente, a alta da taxa Selic acende um alerta para este tipo de investimento. Quanto mais alta é a Selic, mais custoso é para os bancos é a captação dos recursos dos empréstimos, e isso tende a ser repassado para os consumidores. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) estima que o brasileiro possa pagar de 5% a 10% mais caro nos imóveis em 2021 do que pagou em média em 2020.
Ainda assim, as taxas mínimas de credito imobiliário aplicadas pelos bancos são de 6,5% ao ano. Então, há quem diga que os bancos ainda não vão repassar as taxas de juros para quem comprar imóveis.
“Como a queda da Selic ainda não havia sido repassada completamente para as taxas e o ambiente concorrencial está forte e aquecido ainda mais pela expansão das fintechs (empresas de serviços financeiros, como os bancos digitais) no setor, no curto prazo isso não deve afetar as taxas dos grandes bancos. Todavia, se as altas continuarem, devemos ver algum ajuste mais para o final do ano“, diz Rafael Sasso, especialista em mercado imobiliário e inovação e professor da Finted Tech School.
Então, o conselho é: aproveite antes que aumente. O chefe de investimentos do Imovelweb Tiago Galdino, recomenda que aqueles que tenham intenção de financiar aproveitem o momento, antes do início da alta de juros, para realizar o sonho da casa própria. “Com o aumento da Selic, a tendência é que a taxa de juros de financiamentos também suba nos próximos meses. Por isso, esse é o melhor momento para se fazer um financiamento imobiliário, pois o cliente ainda conseguirá aproveitar ótimas taxas de juros e realizar o sonho de ter seu próprio imóvel ainda mais rápido”, diz.
Já tenho imóvel financiado. Muda alguma coisa?
Não. Mas gera uma boa janela de oportunidades, se escolher fazer uma portabilidade de financiamento imobiliário. Como saber se isso é vantajoso?
Os bancos cobram uma taxa de financiamento imobiliário e a TR (taxa referencial). A taxa de financiamento varia de banco para banco, ficando, atualmente, entre 6,5% e 8,45% ao ano.
Porém, fique atento a outros detalhes. Uma taxa de juros menor, não significa necessariamente, que vai pagar mais barato pelo imóvel, no total. Examine em seu contrato de financiamento o Custo Efetivo Total (CET) e quantas parcelas faltam para pagar (o saldo devedor). A ACEBIP (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) publicou uma nota feita pelo Banco Central: “Uma vez que o CET não inclui apenas as taxas de juros, mas outros custos, nem sempre a operação com taxa de juros mais baixa será mais vantajosa. A essa taxa (divulgada) devem ser somados tributos, tarifas, seguros, custos relacionados ao registro de contrato e outras despesas”.
Então, ao verificar que outro banco oferece taxas menores e que isso lhe seria vantajoso, o cliente tem duas opções: realizar a portabilidade, ou trazer a proposta até seu banco, e verificar se o mesmo tem interesse em cobrir a oferta.
Para quem precisa de ajuda com cálculos envolvendo juros sobre prestações fixas, o Banco Central disponibiliza uma calculadora digital.
E quanto aos investimentos?
Investimentos, como todos sabem, é algo que deve ser personalizado segundo os objetivos e capacidades de cada investidor. Não existe uma receita pronta.
Listamos aqui três tipos de investimentos: ações, Fundos Imobiliários (FIIs) e Tesouro Selic, e como cada um deles sofre impacto da taxa básica de juros.
Ações: Cada ação é um pedacinho de alguma empresa. Ao comprar uma ação, você se torna dono dela, nem que seja de uma mínima parte. Cada vez que essa empresa gera lucro, ela é obrigada a distribuir, no mínimo, 25% dele entre os acionistas, na forma de dividendos.
Ações são compradas em instituições financeiras chamadas corretoras de valores. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários ) possui uma lista de corretoras seguras que são constantemente vistoriadas para você comprar suas ações. Algumas delas não cobram taxas, e é por essas que você deve procurar.
Dividendos não tem incidência de imposto de renda, mas juros sobre capital próprio tem cobrança de 15% sobre os proventos.
O risco corrido por quem investe é alto, por se tratar de uma renda variável. A respeito da taxa Selic, em um cenário de aumento de juros, as empresas mais prejudicadas serão as mais endividadas. As empresas que possuem bastante dinheiro em caixa, como as seguradoras, serão positivamente impactadas.
Apesar de as projeções colocarem a Selic em um patamar de 5% até o fim deste ano, os rendimentos de dividendos ainda estão acima da taxa de juros para algumas empresas. Então, é preciso fazer análise consciente e realista para encontrar boas ações para investir.
Fundos imobiliários (FIIs): É como investir em imóveis, sem precisar possuir o imóvel fisicamente. É uma excelente opção para quem quer viver de renda. Os fundos imobiliários pagam em aluguel, e a boa noticia é que este valor também não está sujeito a cobrança de imposto de renda, mas haverá cobrança de 20% de imposto sobre ganhos de capital. A compra também é feita em corretoras de valores.
O risco, assim como das ações, é alto, por se tratar de um índice de grande volatilidade. Ainda assim, como vimos neste artigo, as taxas cobradas atualmente ainda superam a Selic. Os fundos imobiliários ainda contam com o beneficio de serem atrelados por indexadores da inflação, que estão em alta desde o ano passado.
Tesouro Selic: Se trata de uma modalidade de investimento do Tesouro Direto. É o mais seguro de todos os investimentos citados. Consiste em emprestar dinheiro ao governo com uma taxa de juros pós fixada, regida pela Selic. Neste caso, quanto maior estiver a Selic, mais rentável será o investimento. Está sujeita ao imposto de renda.
Atenção: Este artigo tem caráter unicamente educativo e de entretenimento. Nenhuma opinião ou informação aqui fornecida pode ser interpretada como aconselhamento ou consultoria financeira. Toda decisão deve ser tomada pelo leitor e é de sua única responsabilidade.