Por meio de uma portaria, o Governo Federal confirmou que está suspendendo o cronograma de alterações no sistema do Novo Ensino Médio. Segundo o Ministro da Educação, Camilo Santana (PT) a ideia é simplesmente criar um grupo de trabalho para debater possíveis mudanças no sistema de aulas para os alunos brasileiros.
Por um lado, a decisão do Governo rendeu elogios por parte de alguns professores, alunos e entidades estudantis. Contudo, o poder executivo também vem recebendo críticas. Nesta semana, o ex-presidente Michel Temer (MDB) também decidiu criticar a decisão. Ele avaliou a publicação da portaria como um “equívoco”.
“É um equívoco. A reforma foi um avanço reconhecido na época por todos os secretários de educação”, disse Temer. Vale lembrar que o projeto que deu origem ao Novo Ensino Médio foi apresentado ainda pelo governo do emedebista em 2016, e sancionado pelo presidente no ano seguinte, em 2017.
Fundação Ulysses Guimarães
A Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao MDB, fez coro às críticas a uma possível revogação do Novo Ensino Médio. Segundo a organização, o novo formato de estudo estaria sendo considerado como um avanço em relação ao sistema que vinha sendo conduzido pelo país anteriormente.
“O Novo Ensino Médio aponta para o aumento da carga horária dos estudantes e para a diversificação das suas formações. No primeiro caso, o ganho é óbvio, uma maior exposição ao conhecimento. No segundo, cria-se a possibilidade de o jovem escolher o itinerário formativo que esteja em sintonia com seus interesses e suas vocações”, diz a nota da Fundação Ulysses Guimarães.
“A ideia da revogação do Novo Ensino Médio é inaceitável. Ela é defendida apenas por alguns que se sustentam em palavras de ordem, na busca pelas velhas e estéreis batalhas ideológicas que nada constroem”, completa a nota.
Luciano Huck
Quem também se manifestou contra a possível revogação do Novo Ensino Médio foi o apresentador de TV, Luciano Huck. Por meio de uma postagem nas redes sociais, ele argumentou que a decisão do governo poderá ser um retrocesso para os estudantes.
“O Novo Ensino Médio deveria estar acima de diferenças ideológicas. Mesmo com difícil implementação, não faz sentido retroceder à estaca zero. O esforço para oferecer uma escola mais atrativa para os alunos e conectada com as suas expectativas de vida e carreira deve ser permanente”, disse ele.
O outro lado
Mas nem tudo são críticas ao governo. Desde a publicação da portaria, alguns professores e especialistas na área da educação se manifestaram de maneira favorável à revogação.
“A maioria das escolas particulares vendem resultados. Com o novo ensino médio, a disputa pelas vagas nas universidades diminui e com isso a escolas particulares conseguem colocar turmas inteiras nas universidades públicas vendendo uma imagem de “sucesso””, disse a especialista em políticas educacionais, Biazita Gomes.
O que diz o Governo
O Ministro da Educação, Camilo Santana diz que a decisão do Governo prevê apenas uma suspensão do calendário do Novo Ensino Médio e negou uma revogação completa.
“Nós vamos apenas suspender as questões que vão definir um novo Enem em 2024 por 60 dias. E vamos ampliar a discussão. O ideal é que, num processo democrático, a gente possa escutar a todos. Principalmente, quem está lá na ponta, que são os alunos, os professores e aqueles que executam a política, que são os estados”, declarou o ministro.