A descentralização de disco, popularmente conhecida como “boné”, é um dos defeitos visualmente impactantes encontrados em moedas. Essa anomalia ocorre quando o centro do disco da moeda é deslocado durante o processo de cunhagem, resultando em uma moeda onde o desenho não está centralizado.
A descentralização de disco pode variar em grau, e essa variação é classificada em três níveis distintos, baseados na extensão da visualização dos detalhes da moeda. A seguir, conheça cada um desses níveis em detalhe, entendendo como eles influenciam a aparência e o valor da moeda para os colecionadores.
As definições aqui utilizadas constam no catálogo “Raridades Bueno”, disponível no site Casa das Moedas.
No nível 1 de descentralização de disco, o desenho da moeda permanece visível e discernível, apesar do deslocamento. Esse nível é considerado quando a moeda, embora descentralizada, ainda mantém todos os seus elementos principais intactos e legíveis. Em outras palavras, os desenhos, símbolos e letras não desapareceram completamente devido ao deslocamento do disco.
Por exemplo, uma moeda de 10 centavos com um nível 1 de boné pode mostrar a efígie e o valor nominal de forma clara, mesmo que estejam deslocados para um lado. Esse tipo de erro é interessante para os colecionadores porque, apesar do defeito, a moeda ainda exibe todos os detalhes previstos. Esse nível, é claro, é o menos extremo dos três níveis e, por isso, tende a ser menos valioso em comparação com os níveis mais altos de boné. No entanto, ainda possui um valor especial devido à sua singularidade.
Observe um exemplo de boné nível 1 abaixo:
O nível 2 de descentralização de disco caracteriza-se pela visualização completa da data da moeda, conforme método aplicado pela fonte citada. Nesse caso, o deslocamento do disco é mais pronunciado do que no nível 1, mas a data de emissão da moeda permanece completamente visível.
Por exemplo, uma moeda de 1 real com um nível 2 de boné pode ter a figura de Juscelino Kubitschek deslocada para um lado, mas a data “2005” ainda é completamente visível. Este nível de erro é mais intrigante para os colecionadores porque o defeito é mais evidente, mas a moeda ainda fornece toda a informação necessária para sua identificação e catalogação. Moedas com um nível 2 de boné são mais raras e, portanto, geralmente têm um valor maior do que aquelas com um nível 1.
Moeda de nível 2:
O nível 3 de descentralização é o mais extremo de todos e, muitas vezes, o mais valioso. Nesse nível, o deslocamento do disco é tão severo que apenas uma parte da data é visível. A moeda apresenta um erro de boné altamente pronunciado, onde a maioria dos elementos da moeda está fora de centro, e nota-se apenas uma fração da data de emissão.
Por exemplo, uma moeda de 50 centavos com um nível 3 de boné pode mostrar apenas “20” ou “05” da data “2005”, enquanto o resto da moeda está severamente descentralizado. A raridade e a singularidade de moedas com um nível 3 de boné as tornam muito procuradas entre colecionadores e podem alcançar preços elevados no mercado.
Exemplo de moeda nível 3:
A valorização de uma moeda com descentralização de disco depende diretamente do nível de boné. Moedas com nível 1 são interessantes, mas valem menos. Isso porque o defeito não é tão pronunciado. As moedas com nível 2 são mais valiosas devido ao erro mais evidente, mas ainda fornecendo informação crucial como a data completa. Finalmente, as moedas com nível 3 são as mais valiosas, graças à extrema descentralização e à raridade desse tipo de defeito.
No entanto, deve-se ressaltar que além do nível de boné, há outros fatores que influenciam o valor de uma moeda. Podemos citar a tiragem, a demanda entre colecionadores, e o estado geral de conservação. Recomenda-se consultar um especialista em numismática para avaliar adequadamente a moeda, considerando todos esses aspectos. Isso porque, a depender desses outros critérios, é possível que uma determinada moeda nível 1 supere o valor de uma outra em nível 2, por exemplo.