Um estudo realizado pela Kaspersky, fornecedora de soluções de segurança digital, mostra a relação direta entre o tempo que pais e filhos usam os dispositivos eletrônicos. Ao serem questionados quanto tempo os adultos e as crianças usam os aparelhos por dia, 91% dos brasileiros afirmaram três horas ou mais – sendo que 86% dos filhos também passam o mesmo tempo conectados. Esses dados apontam propensão dos menores a reproduzir os hábitos dos pais.
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As crianças sempre observam e copiam o que os pais fazem e não deveria ser surpresa que o mesmo acontece com os hábitos digitais. A Kaspersky diz que, quando as crianças veem seus pais usando dispositivos constantemente, consideram esse comportamento como regra e acabam passando muito tempo on-line. Embora às vezes possa ser difícil assumir o papel de exemplo, os pais devem ter consciência de que suas ações afetam o comportamento das crianças e tentar ser um modelo para elas.
Um dos principais resultados do estudo demonstra a correlação entre a quantidade de tempo de tela de pais e filhos. Entre os respondentes que falaram usar dispositivos online mais de três horas por dia, a maioria no Brasil (45%) o faz entre três e cinco horas (pais: 45%; crianças: 52%). Além disso, os adultos estão convencidos que tanto eles (59%) quanto as crianças (53%) passam tempo suficiente online.
Os reflexos dos hábitos digitais paternos também acompanham os filhos em outras atividades diárias. Por exemplo, crianças cujos pais costumam usar dispositivos durante refeições, passam 39 minutos adicionais online diariamente. No que diz respeito a troca de mensagens durante conversas presenciais, a prática acrescenta em média 41 minutos de exposição dos pequenos às telas.
Segundo Fabiano Tricarico, diretor de consumo da Kaspersky na América Latina, os próprios pais têm dificuldade de seguir as regras estabelecidas a seus filhos. Uma pesquisa anterior da empresa mostrava que os brasileiros não conseguiam usar os dispositivos eletrônicos apenas no mesmo tempo estipulado para o uso de seus filhos.
“Agora, mostramos que as crianças são um reflexo dos hábitos digitais dos adultos. Espero que esteja claro para todos que a educação infantil deve começar com uma autoavaliação e uma reflexão sobre que tipo de ser humano nós, como pais, queremos formar e o que nós mesmos fazemos para sermos desta forma”, salienta o executivo.
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Para ele, o conceito não se limita à internet. “Se falamos palavrões, nossos filhos também falarão, se fomos desrespeitosos com alguém, estamos dando o exemplo para as crianças. Recomendo que todos os adultos passem a ver o ambiente digital apenas como uma extensão de nossas vidas, e não como um espaço à parte”, aconselha.
Terapeutas consultados pela pesquisa também aponta que as crianças se beneficiam muito mais da interação tangível com o mundo real do que do consumo de informações digitais. Por exemplo, as que têm menos de 12 anos de idade ainda têm um longo caminho até atingir uma capacidade de abstração comparável à de adultos.
A recomendação de Birgitt Hölzel e Stefan Ruzas, terapeutas da clínica de Munique Liebling + Schatz, é de que as crianças primeiro aprendam a sentir, ouvir, ver, cheirar e degustar o mundo. Depois, se preocupar com o tempo e com o tipo de conteúdo que os pequenos têm acesso.
Para ajudar os pais a garantir que suas crianças usem os dispositivos eletrônicos de maneira segura, a Kaspersky recomenda: