O parcelamento sem juros no cartão de crédito vem gerando polêmica no Brasil atualmente. Sendo assim, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizou uma pesquisa relativa ao tema, com os dados sendo divulgados nesta segunda-feira (2).
Segundo a pesquisa, 9 em cada 10 empresas varejistas no Brasil adotam o parcelamento sem juros no cartão de crédito para parte de suas vendas. Desta maneira, conclui-se que cerca de 90% dessas empresas dependem desta modalidade de parcelamento para efetivarem suas vendas.
No total, os estabelecimentos do comércio varejista atingem um faturamento médio anual em torno de R$ 2,841 trilhões, sendo de grande importância para a economia brasileira. Segundo a CNC, a pesquisa foi feita com 6 mil empresas de pequeno, médio e grande porte, representantes de todos os segmentos do varejo, e situadas nas 26 capitais, assim como no Distrito Federal.
Dessa forma, a amostra do levantamento corresponde a um universo com mais de dois milhões de empresas varejistas, sendo que a margem de erro é de 3%. A CNC, em nota, afirmou: “A CNC defende o parcelado sem juros, porque comércio e serviços têm grande dependência dessa forma de pagamento nas vendas”.
A polêmica em torno do parcelamento sem juros do cartão de crédito se iniciou no mês de agosto. Na ocasião, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, defendeu que o BC tentasse diminuir este tipo de parcelamento, e com isso muita especulação foi gerada sobre um possível fim da modalidade.
Parcelamento sem juros no cartão de crédito
De acordo com a pesquisa feita pela CNC, 47% das empresas varejistas possuem metade de suas arrecadações dependentes do parcelamento sem juros no cartão de crédito. Essa porcentagem equivale a 1.064 empresas, as quais faturam anualmente R$ 1,493 trilhão.
Além disso, em cerca de 29,3% dos estabelecimentos varejistas pesquisados, as compras parceladas sem juros representam entre 50% e 80% do total arrecadado. Sendo assim, isso engloba 663 mil empresas, que contam com um faturamento anual de R$ 929 bilhões.
Outras 297 mil empresas (o equivalente a 13,2%), as quais faturam anualmente R$ 418 bilhões, possuem mais de 80% de suas vendas no parcelamento sem juros do cartão de crédito. Os demais estabelecimentos não souberam responder.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “A pesquisa mostra a relevância do parcelamento nas vendas do comércio e a consolidação do cartão de crédito como um condicionante do consumo nos últimos anos”.
O executivo, inclusive, comentou sobre os juros rotativos do cartão de crédito, tema que também vem gerando discussão ultimamente. “Para a CNC, é necessário encontrar uma solução para racionalizar as taxas de juros exorbitantes, que chegam a impressionantes 440% ao ano, seguindo o modelo implementado no cheque especial no início de 2020”, afirmou.
A CNC também informou que, ao final de setembro, entregou para o Ministério da Fazenda seu estudo e posicionamento em favor de manter o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Para a confederação, isso deve ser feito “sem intervenção nas condições de mercado, além da racionalização da taxa de juros do rotativo do cartão de crédito”.