Uma pesquisa da TIC Educação 2019 revelou que a maioria das escolas do país (72%) não possuía plataformas específicas para o ensino remoto e boa parte dos estudantes não tinha, em casa, acesso aos equipamentos adequados para acompanharem as atividades escolares pela internet.
O cenário foi registrado até o final do ano passado, antes da suspensão das aulas presenciais causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A pesquisa é realizada desde 2010 e tem o papel de entrevistar a comunidade escolar (alunos, professores, coordenadores pedagógicos e diretores) para mapear o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em escolas públicas e privadas de educação básica.
Segundo matéria da Agência Brasil, 28% das escolas localizadas em áreas urbanas têm ambientes ou plataforma virtual de aprendizagem. A porcentagem é maior quando se fala em escolas privadas, 64%. O número aumentou em relação a 2018, quando 47% das escolas particulares possuíam esse serviço. Entre as unidades públicas, o percentual, que era 17% em 2018, caiu para 14% em 2019.
A pesquisa também mostra que 83% dos estudantes de escolas urbanas têm acesso a rede. Mas essa porcentagem cai para 78% na Região Nordeste e para 73% na Região Norte. Ao todo, 18% dos alunos acessam a internet exclusivamente pelo celular, enquanto 41% têm computador portátil, 35% computadores de mesa e, 29%, tablet.
Outro cenário apontado no levantamento diz respeito aos professores de escolas urbanas. Durante a pandemia de Covid-19, 33% dos educadores afirmam ter recebido formação sobre computador e internet recentemente. Já 79% dizem que a ausência de curso específico para o uso dessas tecnologias dificuldade o processo de ensino-aprendizagem.
“Muitos alunos, professores e escolas estavam fazendo uso de sistemas e plataformas virtuais para troca de conteúdo, mas a gente verifica muitas diferenças e desigualdades. Muitas escolas não estavam preparadas e muitos professores não estavam preparados para esse momento de ensino remoto”, disse a coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, à reportagem da Agência Brasil. . “Esse é um momento emergencial, está se fazendo o que é possível. Escolas, pais, alunos estão tentando encontrar estratégias para que [o ensino] aconteça”, acrescentou.
Enquanto são poucas as escolas que utilizam plataformas específicas de aprendizagem, as redes sociais, por sua vez, ganharam mais espaço como ambiente de divulgação de ações da escola e conteúdos pedagógicos. Em 2016, 64% das escolas públicas urbanas possuíam perfil ou página nas redes. Essa porcentagem passou para 73% em 2019. Entre as particulares, essa porcentagem saltou, no mesmo período, de 85% para 94%.
Entre 2016 e 2019, a porcentagem de instituições públicas urbanas cujos pais ou responsáveis utilizaram perfis ou páginas em redes sociais para interagir com a escola passou de 32% para 54%.
Faltam, no entanto, orientações para o uso seguro da rede. Cerca da metade dos alunos (51%) afirmou que recebeu orientações de segurança e 40% que receberam orientações sobre o que fazer se alguma coisa incomodar na internet. Essa porcentagem cai para 36% entre os alunos do 5º ano do ensino fundamental, mais jovens.
Os dados foram coletados entre agosto e dezembro de 2019. Foram entrevistados presencialmente 11,4 mil estudantes, 1,9 mil professores, cerca de 1 mil coordenadores pedagógicos e 1 mil diretores de escolas urbanas. Foram entrevistados por telefone 1,4 mil diretores ou responsáveis por escolas rurais. A pesquisa foi feita com escolas públicas e privadas urbanas do 5º ao 9º ano do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio e escolas públicas e privadas rurais de qualquer modalidade de ensino. Não participaram escolas federais.