A pandemia do novo coronavírus não causou impactos negativos somente na economia e saúde. A educação também tem passado por uma fase difícil e que pode render uma grande defasagem no futuro.
Um dos principais obstáculos, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, a pedido da Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, é a desmotivação dos alunos em estudar durante todos esses meses de crise.
De acordo com o balanço, feito entre 16 de setembro e 2 de outubro, de 46%, constatados em maio passou para 54% no último mês setembro. Além disso, aumentou a porcentagem de estudantes que relatam não conseguir se organizar direito para os estudos remotos. De 58% subiu para 68%.
Participaram da pesquisa 1.021 pais ou responsáveis de alunos de escolas públicas municipais e estaduais. A idade dos estudantes variaram de 6 a 18 anos.
Segundo o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, o estudo exibe um panorama preocupação em relação à possibilidade de desistência desses alunos em ir à escola.
“A evasão e o abandono escolar terá reflexo sobre o estudante, sua família e a sociedade, aumentando ainda mais a desigualdade”, diz Mizne.
Aulas remotas durante a pandemia
Em meio à necessidade de manter as escolas fechadas, os estudantes passaram a estudar em casa. De acordo com a pesquisa do Datafolha, em setembro, 92% dos estudantes receberam atividades para fazer em casa. Em maio, entretanto, esse número foi 74%.
Mas ainda que haja conteúdo e tenha aumentado a amplitude desses materiais entregues, as aulas não motivam os alunos, segundo o estudo.
Para o pós-pandemia, estuda-se a possibilidade de oferecer o ensino híbrido, que mescla aulas presenciais com remotas. Além disso, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a fusão dos anos letivos de 2020 e 2021, em um currículo adaptado. Assim como deu a permissão para que as aulas permanecessem remotas por mais um ano, até dezembro de 2021.
“Precisamos discutir quando a volta às aulas tem que se dar e como prever um ano letivo com foco em entender como cada criança chegou [à escola]. Também devemos oferecer apoio pedagógico para que os alunos recuperem o que não aprenderam, focando o currículo dentro do que é mais essencial”, afirma Mizne.