Um levantamento realizado pelo Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontou que o pagamento do 13º salário para os trabalhadores do Brasil poderá injetar R$ 106,29 bilhões na economia do país.
Em resumo, o 13º salário é pago aos trabalhadores do mercado formal, incluindo os empregados domésticos e segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), bem como para aposentados e pensionistas da União, estados e municípios.
Ao todo, cerca de 87,7 milhões de brasileiros receberão o 13º salário, que também é conhecido como abono natalino. Em média, cada beneficiário terá direito a um rendimento adicional de R$ 3.057, segundo as estimativas do Dieese.
Veja como a CNC calculou o valor do pagamento
Para a realização do cálculo, a CNC reuniu uma série de dados para embasar as estimativas em relação ao pagamento do 13º salário em 2023. Veja quais foram os dados analisados:
- Relação Anual de Informações Sociais (Rais);
- Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged);
- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad).
A saber, a Rais e o Caged são plataformas agregadas ao Ministério do Trabalho e Emprego. Por sua vez, a Pnad Contínua é realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, a CNC também considerou informações da Previdência Social e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
13º salário deve fortalecer retomada econômica
De acordo com a CNC, a segunda parcela do 13º salário deverá fortalecer a retomada econômica do setor comercial do país. Em suma, os trabalhadores terão dinheiro para comprar bens e contratar serviços, impulsionando o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
“A expectativa é que a injeção desses recursos contribua de maneira significativa para a retomada do setor comercial e impacte positivamente o crescimento econômico no País, em 2023“, afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
O valor médio do benefício é de R$ 2.980, o que corresponde a um avanço real de R$ 98 em comparação a 2022, quando o 13º salário pago aos trabalhadores chegou a R$ 2.882.
Como os trabalhadores irão gastar o dinheiro?
Segundo o levantamento, boa parte do 13º salário deverá seguir para gastos no comércio. Confira como os trabalhadores irão utilizar o abono em 2023:
- Gastos no comércio – R$ 37,35 bilhões (35,1% do total);
- Quitação e o abatimento de dívidas – R$ 35,97 bilhões (33,8% do total);
- Gastos no setor de serviços – R$ 20,31 bilhões (19,1% do total);
- Poupança – R$ 12,66 bilhões (11,9% do total).
A primeira parcela do 13º salário foi depositada até o dia 20 de novembro, beneficiando milhões de trabalhadores. Agora, eles aguardam o depósito da segunda parcela, que deverá impulsionar a economia brasileira, com boa parte do abono seguindo para o setor comercial, principalmente por causa das festividades de final de ano.
“A reversão da tendência de priorizar o pagamento de dívidas reflete não apenas a melhora das condições financeiras como também uma mudança no patamar de confiança na economia por parte dos consumidores“, avaliou o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes.
Segmento de hiper e supermercados deve se destacar
A segunda parcela do 13º salário deverá seguir para alguns segmentos, impactando as suas receitas no Brasil. No varejo, os segmentos que irão concentrar os maiores volumes financeiros neste ano serão:
- Hiper e supermercados – R$ 17,15 bilhões;
- Combustíveis e lubrificantes – R$ 6,13 bilhões;
- Lojas de vestuário e calçados – R$ 4,47 bilhões;
- Produtos de farmácia, perfumaria e cosméticos – R$ 3,86 bilhões.
Consumidores mudam comportamento
O levantamento da CNC ainda destacou que houve mudanças no comportamento dos consumidores em relação aos anos anteriores. Em síntese, os principais fatores que provocaram as mudanças foram a expansão da renda e do emprego e a redução da taxa de juros.
Por exemplo, o custo do crédito estava em 57,3% em setembro de 2023, abaixo do pico registrado em maio (59,7% ao ano), sinalizando a tendência de queda.
Nos últimos meses, a taxa de desemprego no Brasil vem caindo de maneira gradativa. Ao mesmo tempo, o número de pessoas cresce a cada nova pesquisa, refletindo a criação de novas vagas de emprego no país.
Além disso, a redução dos juros também está aumentando a intenção de consumo entre os brasileiros. Como os custos das operações de crédito estão menores, as pessoas estão mais dispostas a gastar no país.
“Para o comércio, a concentração da segunda parcela do 13º em dezembro é estratégica, marcando o período de maior aquecimento das vendas”, disse Fabio Bentes. A saber, o último mês do ano coincide com um aumento médio de 25% nas vendas.
Esse aumento impacta, principalmente, setores como vestuário e calçados (80%), livrarias e papelarias (50%) e lojas de utilidades domésticas (33%).