O Governo Federal não deverá cumprir a promessa de elevar o valor do salário mínimo para a casa dos R$ 1.320 este ano. Segundo informações de bastidores colhidas pelo jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, a nova gestão federal fechou questão na ideia de manter os R$ 1.302 apresentados por Bolsonaro no final do ano passado.
Segundo a apuração do jornalista, existia uma intensa medição de forças entre a ala mais política do novo governo e o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) em relação à definição do valor do salário mínimo. Com a explosão dos atos violentos em Brasília, apenas um lado parece ter saído vencedor.
Diante dos fatos, o governo avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou mais popularidade depois dos atos de vandalismo em Brasília no último domingo (8). Assim, estaria aberto um cenário de possibilidade de tomada de medidas mais impopulares, como a liberação do salário mínimo sem o aumento esperado.
Curiosamente, o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho chegou a convocar uma coletiva para a última segunda-feira (9), para explicar a definição sobre o salário mínimo. Contudo, justamente por causa das manifestações do domingo (8), o evento teve que ser adiado, e ainda não há uma nova data para este anúncio.
Ainda tomando como base as apurações do jornalista Caio Junqueira, é possível dizer que Lula deverá se encontrar com representantes de sindicatos e de centrais sindicais nos próximos dias para explicar o motivo de o salário não ter subido de acordo com o que estava combinado inicialmente.
Durante a campanha presidencial do ano passado, o então candidato Lula criticou Bolsonaro (PL) por ele não ter aplicado nenhum aumento real do salário mínimo durante toda a sua passagem no poder.
Eleito, Lula deve conseguir cumprir esta promessa, já que o valor de R$ 1.302 estabelecido por Bolsonaro no final do ano passado, também representa um aumento real do salário mínimo para este ano, considerando os números da inflação no ano passado.
De todo modo, Lula não deve conseguir aplicar uma elevação maior do que aquela que estava sendo indicada por Bolsonaro. Hoje, a avaliação dentro do governo é que esta decisão pode ter um pequeno custo político, mas um grande custo fiscal positivo.
Na última semana, o jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem revelando que o Ministério da Fazenda teria sido alertado que o aumento do salário mínimo poderia acarretar em bloqueios constantes.
Segundo o texto, esta elevação para a casa dos R$ 1.320 poderia gerar um gasto de R$ 7,7 bilhões para além do que estava sendo previsto inicialmente. Deste modo, o governo decidiu não decretar esta elevação até que se tome um plano B.
É importante frisar que oficialmente o novo governo ainda não está falando sobre o assunto. A tendência é que eles indiquem a posição oficial sobre o futuro do salário mínimo dentro de mais alguns dias.