Os recentes resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao Censo de 2022, revelaram mudanças significativas na estrutura demográfica do Brasil. A idade mediana do brasileiro, que era de 29 anos em 2010, agora está em 35 anos em 2022, evidenciando um envelhecimento populacional.
Uma observação preocupante é que, em 2022, o Brasil experimentou o maior ritmo de envelhecimento registrado entre dois censos consecutivos desde 1940. O país agora conta com uma proporção de 55 idosos para cada 100 jovens.
Essa mudança demográfica traz consigo desafios econômicos significativos, especialmente no que tange à previdência, saúde e mercado de trabalho.
Portanto, o país está encaminhando-se para uma realidade onde a parcela de jovens está diminuindo, enquanto a de idosos está em ascensão.
Dessa forma, essa transição demográfica impõe desafios substanciais para a economia brasileira, que deve se adaptar a essa nova dinâmica populacional.
Na prática, à medida em que o envelhecimento populacional aumenta, diminui o número de indivíduos em idade produtiva.
Não deixe de conferir este artigo para ficar por dentro de todas as informações pertinentes!
Estratégias estruturais traçadas para lidar com o envelhecimento populacional
Especialistas em economia alertam que o Brasil deve implementar ações estruturais e de longa duração para acomodar o crescente envelhecimento populacional. Contudo, a percepção dominante é que o país tem sido lento na tomada dessas decisões estratégicas.
Luís Eduardo Afonso, professor da Universidade de São Paulo (USP), enfatiza que as mudanças demográficas tendem a ser previsíveis.
Além disso, ele argumenta que se temos a capacidade de prever essas mudanças, deveríamos estar nos preparando de forma mais proativa e eficaz.
Ademais, Afonso reconhece a importância da reforma da Previdência aprovada em novembro de 2019, mas ressalta que ela não abordou completamente os desafios à frente.
Segundo ele, a legislação omitiu detalhes cruciais relacionados ao envelhecimento populacional, que precisarão ser revisitados e potencialmente ajustados no futuro.
O professor destaca também a falha em não incluir um mecanismo que ajustasse automaticamente a idade de aposentadoria conforme a expectativa de vida aumentasse.
Esta lacuna pode resultar em desequilíbrios significativos no sistema previdenciário caso não seja abordada em tempo hábil.
Adicionalmente, o diretor econômico da Análise Econômica, André Galhardo, destaca que entraves do orçamento público brasileiro representam mais um obstáculo à gestão do envelhecimento populacional.
Galhardo ressalta que, desde a promulgação da Constituição Federal em 1988, uma proporção significativa do orçamento do país foi determinada com alocações fixas. Assim, tornando flexíveis apenas porções reduzidas dos gastos.
Dessa forma, são geradas complicações, especialmente quando surge a necessidade de realocar mais fundos para áreas como Previdência e Saúde.
Atualmente, Galhardo observa que o cenário econômico é relativamente mais estável. Todavia, ele enfatiza a importância de não esperar pelo próximo ciclo econômico adverso para tomar medidas relacionadas ao envelhecimento populacional.
Quais as consequências do envelhecimento populacional para a previdência?
De acordo com projeções apresentadas pela Secretaria do Regime Geral de Previdência Social, o desequilíbrio nas contas do INSS tende a agravar-se nas próximas décadas.
A estimativa aponta que o déficit previdenciário poderá sofrer um aumento de mais de 100% até o ano de 2060, tudo devido ao envelhecimento populacional. Além disso, se seguir a tendência, quadruplicará até o final do século, em 2100.
Esses dados foram incluídos na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano de 2024.
O governo federal detalhou que, para este ano, a expectativa é de um déficit no valor de R$ 276,9 bilhões. Um montante que representa 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Se as projeções se confirmarem, o cenário em 2060 será ainda mais desafiador: o déficit do INSS pode alcançar a marca de R$ 3,3 trilhões.
Esse valor é equivalente a 5,9% do PIB. E, no horizonte de 2100, o valor projetado é de impressionantes R$ 25,22 trilhões, o que corresponderia a 10,4% do PIB.
Dessa forma, destaca-se a necessidade de ações que busquem solucionar a questão do crescente envelhecimento populacional.
Você pode se interessar em ler também:
Quais atitudes a serem tomadas?
Os especialistas sublinham que, face às alterações demográficas, é fundamental não apenas implementar reformas pertinentes.
É de suma importância reconhecer também que o envelhecimento populacional demandará uma redistribuição e reorientação dos recursos.
À medida que a população envelhece, o país terá de canalizar mais recursos não apenas para a Previdência, mas também para os serviços de saúde.
Ademais, investir em educação desempenha um papel crucial, já que possibilita trajetórias de vida mais produtivas. Dessa forma, garante-se que os cidadãos alcancem a terceira idade com estabilidade financeira.
Luís Eduardo Afonso, da USP, destaca ainda a importância de o Brasil voltar sua atenção à capacitação profissional dos mais velhos.
Adicionalmente, ele sugere a criação de políticas públicas que promovam e facilitem a inserção deste segmento no mercado de trabalho. Assim, reforçando seu papel ativo e valorizado na sociedade.
Por fim, destaca-se que o Brasil enfrenta um cenário inédito em sua história com o envelhecimento populacional.
Somado a isso, surge a necessidade destes permanecerem ativos profissionalmente por mais tempo. Afonso destaca que esta situação um desafio e que o Brasil não possui experiência nesta área.