O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) voltou a cair no país. Após dois meses de alta, o índice caiu 1,4 ponto em abril, refletindo o pessimismo do mercado em relação à atividade econômica brasileira em 2023.
Com o acréscimo deste resultado, o indicador de emprego recuou para 75 pontos, após atingir em março o maior nível em cinco meses. Isso mostra que os últimos tempos não foram fáceis para os trabalhadores do país, e os problemas mais sérios surgiram há anos.
Em suma, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil e foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Para quem não lembra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia em março de 2020, e, no mês seguinte, o indicador caiu para 39,7 pontos. Esse foi o menor nível já registrado pelo IAEmp em toda a série histórica.
Em 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação pouco favorável em 2022.
No primeiro trimestre de 2023, o indicador conseguiu registrar um leve crescimento, de 1,7 ponto. Contudo, o mais novo resultado de abril eliminou praticamente todo o ganho acumulado nos três primeiros meses do ano.
Na verdade, o indicador continua bem distante do patamar observado em fevereiro de 2020 (92 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. Isso quer dizer que o IAEmp não conseguiu recuperar todas as perdas da crise sanitária e ainda está em um nível muito baixo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), responsável pela pesquisa, divulgou novos dados nesta semana.
Indicador de emprego enfrenta desafios para crescer
De acordo com Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE, o IAEmp não deverá apresentar resultados muito positivos ao longo deste ano, caso as expectativas para o crescimento da atividade econômica continuem reduzidas e pouco otimistas.
“Apesar de fechar o primeiro trimestre com resultado positivo, o resultado de abril devolve quase todos os ganhos do trimestre e mantém o IAEmp oscilando em patamar baixo“, disse o economista.
“Depois um ano muito favorável para o mercado de trabalho, 2023 deve ser um ano mais desafiador ditado pela desaceleração econômica global em curso, relacionada a uma política monetária restritiva e inflação“, analisou Tobler.
“Com a dificuldade do indicador em se afastar desse nível, que hoje está 10 pontos abaixo da média histórica, não é possível imaginar a volta da trajetória positiva no ritmo de contratação no curto prazo“, acrescentou.
Nos últimos anos, a pandemia enfraqueceu o indicador no país, prejudicando o mercado de trabalho. No entanto, em 2023, as dificuldades envolvendo a atividade econômica brasileira deverão ser os fatores de maior limitação da recuperação do IAEmp.
Quatro dos sete componentes do indicador caem
De acordo com os dados do levantamento, quatro dos sete componentes do IAEmp caíram no mês passado, puxando o indicador para o campo negativo. Veja abaixo a variação de cada componente em abril:
- Indústria – Tendência dos Negócios: -1,0 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: -0,1 ponto;
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: -0,4 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: +0,2 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: -0,3 ponto;
- Serviços – Emprego Previsto: +0,2 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: 0,0 ponto.
Em resumo, os únicos resultados positivos foram registrados pelo setor de serviços, em relação à tendência de negócios e ao emprego previsto no setor. Entretanto, ambos os avanços foram bem pequenos e não conseguiram eliminar as quedas registradas pelos demais componentes do índice.
Aliás, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Desemprego volta a crescer no Brasil
Na última semana, os trabalhadores do país receberam uma péssima notícia sobre o mercado de trabalho brasileiro. Os primeiros meses do governo do presidente Lula estão apresentando dados preocupantes e as pessoas torcem para que isso mude rapidamente.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação ficou em 8,8% no primeiro trimestre deste ano. Em síntese, a taxa ficou 0,9 ponto percentual acima da registrada no trimestre anterior.
A saber, a população desocupada totalizou 9,4 milhões de pessoas no período, o que representa um acréscimo de 860 mil pessoas sem uma ocupação no país, na comparação com o quatro trimestre de 2022.
Esses dados mostram que ainda há muitos desafios a serem enfrentados no país. Aliás, cabe salientar que os primeiros meses de todos os anos costumam apresentar dados mais fracos de emprego.