Enquanto várias pessoas estavam curtindo um domingo tranquilo no último 2 de abril, o mercado financeiro teve um dia muito mais agitado. A Arábia Saudita e outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) anunciaram cortes na produção de mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia. A decisão pode acabar impactando o preço do combustível no Brasil.
Na matéria de HOJE, você pode ver que alguns dos impactos já estão sendo sentidos em outras partes do mundo. Por causa da decisão da Opep+, os preços da matéria-prima dispararam nos mercados da Ásia na segunda-feira (3) – ainda domingo (2) no Brasil. A expectativa é que o impacto direto nas bolsas brasileiras também seja sentido a partir desta semana.
O novo anúncio dos cortes preocupa o mercado porque já se soma à redução de 2 milhões de barris de petróleo por dia que foi anunciada pela Opep+ em outubro do ano passado. Ao todo, estima-se uma queda de 3% na oferta mundial de petróleo em um período de sete meses, segundo cálculos divulgados pelo Wall Street Journal.
Os preços do petróleo chegaram a subir 8% na manhã desta segunda-feira (3). Esta foi a maior variação de aumento já registrada de um dia para o outro em um intervalo de mais de um ano. Alguns analistas da área de economia já projetam que o preço do barril de petróleo ultrapasse a marca dos US$ 100.
Segundo analistas, tal corte tem o poder de pressionar a inflação em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Consequentemente, este cenário deverá fazer com que os bancos centrais aumentem ou não reduzam as taxas de juros, justamente por causa do cenário de incerteza que se formou.
Diante de todo este contexto, é possível afirmar que há uma chance razoável de o consumidor final no Brasil ser impactado negativamente pela decisão da Opep+, sobretudo quando se considera que a Petrobras utiliza um sistema de variação de valores atrelado ao preço internacional do petróleo.
Não há, no entanto, uma data para o início deste impacto. Analistas afirmam que o repasse ao consumidor pode demorar alguns dias ou até mesmo semanas. Há quem diga ainda que o repasse pode ser mínimo, se o mercado internacional se acalmar.
Em decisão recente, o Governo Federal optou por reonerar parte dos combustíveis no Brasil. Nos primeiros 11 dias de março, o preço médio do insumo no país subiu 9,6%, fazendo com que os brasileiros tivessem que gastar mais para encher o tanque.
Contudo, o fato é que este preço vem caindo nas últimas três semanas. Dados oficiais da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostram um recuo de 1,6% neste período.
Na semana que começou no dia 26 de março e terminou no dia 1º de abril, o preço médio da gasolina comum recuou 0,5%, de R$ 5,51 para R$ 5,48.
Embora as quedas estejam acontecendo, o preço médio da gasolina e do etanol ainda estão estacionados em patamares maiores do que aqueles registrados em fevereiro, por exemplo.
A decisão da Opep+ poderá jogar mais pressão sobre este valor e dificultar ainda mais a vida do cidadão que precisa do seu veículo para trabalhar, estudar ou até mesmo para curtir o domingo tranquilo.