Direitos do Trabalhador

Trabalhar mais de 55 horas por semana aumenta risco de AVC, diz estudo

De acordo com estudo da OMS e da OIT, quanto mais um empregado trabalha por semana, maiores são as chances de um AVC

O que um Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ter a ver com o período de tempo no trabalho? De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a resposta é: tudo. É que um estudo mostrou que as duas coisas podem ter relação direta no dia a dia.

O estudo concluiu que uma pessoa que trabalha mais de 55 horas por semana tem 35% mais chances de morrer de um AVC ou de uma doença do coração. Isso quando se compara com uma pessoa que trabalha de 35 a 40 horas por semana. A diferença é notável.

O estudo em questão é da OMS em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O resultado passou por uma divulgação ainda nesta segunda-feira (17) e acabou tendo muita repercussão na mídia. Nas redes sociais, muita gente comentou o resultado.

Para os analistas, o estudo mostrou que o mundo inteiro precisa rever o conceito de horas de trabalho. A pesquisa revelou que só em 2016 cerca de 398 mil pessoas morreram de derrame cerebral por terem trabalhado mais do que 55 horas por semana. Outras 347 mil morreram de doenças cardíacas pelo mesmo motivo.

“Trabalhar 55 horas ou mais por semana representa um grave perigo para a saúde”, disse María Neira, diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS. “É hora de todos nós, governos, empregadores e trabalhadores, finalmente reconhecermos que longas horas de trabalho podem causar mortes prematuras”, completou ela.

Movimentos por menos horas no trabalho

Na Espanha, alguns governos locais estão tentando diminuir as horas de trabalho dos empregados. Eles estão neste momento experimentando um projeto que quer deixar os trabalhadores irem ao local do trabalho no máximo quatro vezes por semana.

De acordo com essa lógica, essas pessoas deixariam de trabalhar de segunda a sábado e passariam a trabalhar de segunda a quinta-feira, ou ainda de terça a sexta-feira. Eles querem analisar se a produtividade desses empregados irá cair com menos horas no emprego.

Há quem aposte, por exemplo, que aconteceria justamente o contrário. Essas pessoas acreditam que os empregados iriam trabalhar mais dispostos. Assim, eles acabariam produzindo mais no intervalo de tempo em que estão no trabalho. No entanto, os resultados desse estudo ainda não saíram.

Olho na pandemia

Vale lembrar que essa pesquisa da OMS e da OIT não analisa dados de 2020. Isso quer dizer portanto que ele não pega o momento da pandemia do novo coronavírus. No entanto, ele liga um alerta para o que está acontecendo com o mundo trabalhista neste momento.

É que com as pessoas trabalhando cada vez mais de suas casas, o tempo de trabalho aumentou, em média. E em alguns países, como o Brasil, não há uma legislação muito clara quanto a isso. Assim, muita gente acaba tendo que trabalhar muito além do que costumava fazer antes do período pandêmico.

Recentemente, o Ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Agra Belmonte, deu uma entrevista dizendo que o país precisa de leis novas para o Home Office. De acordo com ele, o momento atual estaria permitindo que as pessoas trabalhassem por mais tempo. E como o estudo da OMS mostrou, isso pode ser portanto mais perigoso do que se poderia imaginar.