O mercado de investimentos no Brasil tem vivenciado um momento de transformação notável, com os Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs) liderando o caminho.
Nos últimos seis meses, o Ifix, índice que rastreia os FIIs mais negociados na Bolsa, apresentou um impressionante crescimento de 16%. Essa ascensão ocorre em meio ao início do ciclo de corte de juros no país, tornando os FIIs uma escolha atraente para muitos investidores. No entanto, um novo instrumento de investimento está emergindo no cenário brasileiro: os tokens imobiliários.
Os tokens imobiliários representam uma abordagem revolucionária para investir em propriedades. São ativos digitais que funcionam de forma semelhante às cotas de FIIs, mas com uma reviravolta inovadora.
Em resumo, em vez da estrutura tradicional de fundos, os tokens imobiliários utilizam tecnologia blockchain, a mesma base tecnológica por trás do Bitcoin, para dividir propriedades em frações digitais que podem ser negociadas.
Dessa forma, a promessa subjacente a essa nova modalidade de investimento é a possibilidade de adquirir cotas mais acessíveis e obter retornos mais atrativos em comparação com o mercado tradicional.
Embora o mercado de tokenização ainda seja incipiente globalmente, o Brasil está testemunhando o surgimento de novos participantes. A Oliveira Trust, uma plataforma de serviços fiduciários e gestão de fundos, enxerga a tokenização como a terceira via no mercado de securitização e investiu na Liqi, uma empresa especializada em tokenização de ativos.
Além disso, a Oliveira Trust também é investidora da Bee4, uma plataforma de negociação de ações tokenizadas que está participando do sandbox da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Até o momento, a tokenização tem se concentrado principalmente no mercado de renda fixa, com ênfase em tokens lastreados em recebíveis, como cartões de crédito e risco sacado. Contudo, os tokens imobiliários também se enquadram nessa mesma categoria, representando uma forma inovadora de investir em imóveis.
Neste mês, a startup Tokeniza está se preparando para iniciar suas operações, após obter a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em maio. Em resumo, no próximo dia 24, a empresa planeja lançar os primeiros tokens representando uma propriedade localizada em Brasília, com previsão de entrega no segundo semestre de 2024. Dessa forma, isso marca um passo significativo na evolução do mercado de tokens imobiliários no Brasil.
Embora os tokens de renda fixa estejam ganhando destaque, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está monitorando de perto esse novo instrumento financeiro. No entanto, o setor atualmente opera em uma zona regulatória nebulosa, o que levanta preocupações tanto para empresas que buscam conformidade quanto para investidores.
Por um lado, as empresas que desejam cumprir as regulamentações enfrentam limitações, como ofertas limitadas a R$ 15 milhões e emissores com teto de faturamento de R$ 40 milhões. Além disso, há um intervalo de 120 dias entre as ofertas e um mercado secundário com restrições, que se assemelha a um “quadro de anúncios” sem um livro de ordens para compra e venda.
Contudo, para contornar essas limitações, algumas empresas optam por se estabelecer no exterior, o que pode gerar riscos regulatórios adicionais a serem considerados pelos investidores.
Independentemente do nível de conformidade da plataforma escolhida, também existem riscos tecnológicos envolvidos. As cotas digitalizadas sob a forma de tokens podem ser alvo de ataques virtuais, destacando a importância de uma abordagem cuidadosa ao investir nessa nova classe de ativos.