Você já ouviu falar na empresa Temu? Para a grande maioria dos brasileiros, a resposta para esta pergunta será não. A gigante do e-commerce chinês não atua no Brasil e é bem mais conhecida em outros países do mundo. Mas este desconhecimento nacional em torno da empresa pode estar com os dias contados. A companhia está de olho no mercado local.
O aplicativo de e-commerce Temu tem capital aberto na Nasdaq, e vale mais de US$ 100 bilhões. De acordo com as informações oficiais, a empresa conta com mais de 900 milhões de usuários na China, o equivalente a mais do que três populações completas do Brasil.
A Temu, aliás, já chegou aos Estados Unidos. Há pouco mais de dois anos, ninguém conhecia esta marca na América do Norte. Hoje, a realidade é diferente. A avaliação de especialistas é de que em um cenário de alta inflação, vários norte-americanos já fazem compras por este sistema, e as vendas já superam às da rival Shein.
Dados da Bloomberg Second Measure apontam que o Temu é neste momento o aplicativo de e-commerce mais baixado dos Estados Unidos. Ainda segundo esta mesma fonte, no último mês de maio, esta plataforma vendeu 20% mais do que a sua concorrente direta Shein. Os números considerados são referentes ao mercado norte-americano.
No início deste ano de 2023, um grupo de diretores da gigante chinesa visitou o Brasil. O objetivo da visita foi justamente iniciar as conversas em torno da possibilidade de trazer a empresa para o mercado nacional.
A avaliação é de que os consumidores brasileiros são os mais dispostos a gastar em todo o mundo, e há uma perspectiva de melhora na economia para os próximos anos.
Ainda não há um prazo para que as vendas sejam iniciadas em solo nacional, mas a expectativa é de que a empresa comece a atuar ainda no decorrer deste ano de 2023. Isso considerando um cenário em que todos os pontos saiam como esperado pelos diretores.
Mas o que de fato difere a Temu da Shein? De acordo com analistas, a primeira grande diferença é que a Temu vende os produtos diretamente da fábrica, o que pode fazer com que o preço final para o consumidor seja reduzido. Neste sentido, a gigante do e-commerce chinês se parece mais com a Amazon.
Além disso, o catálogo de vendas da Temu tende a ser mais variado que o da Shein, que tem um foco maior no vestuário. Neste sentido, a Temu é mais semelhante ao que se vê hoje na Shopee, que conta com uma grande variedade de produtos como livros, móveis e outros tipos de aplicações, por exemplo.
A Shein, no entanto, não acompanha esta investida parada. Em reunião recente com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), integrantes da empresa chinesa disseram que estão dispostos a investir ainda mais no Brasil e até a criar mais de 100 mil novos empregos nacionais em suas lojas.
“Temos visto grande sucesso no Brasil desde o nosso lançamento em 2020 e, com a crescente demanda dos consumidores, vimos a oportunidade de localizar mais a nossa cadeia de fornecimento para beneficiar os consumidores, as pequenas empresas e a economia em geral”, disse Marcelo Claure, chairman da Shein para a América Latina
“Nosso objetivo é apoiar os fabricantes e fornecedores brasileiros para que possam aumentar seu alcance e crescimento no Brasil, bem como agir como um bloco de construção para futuras oportunidades globais”, ressalta Felipe Feistler, executivo-chefe da empresa no Brasil.
Nos últimos meses, empresas como Shein, Shopee e AliExprees estão sendo cobradas pelo Ministério da Fazenda em relação aos pagamentos dos impostos que são exigidos pelo Governo Federal. É natural imaginar que esta cobrança também deverá recair sobre a Temu.