A semana começou com uma grande notícia para os trabalhadores do Brasil. Após alguns meses de espera, o salário mínimo teve um novo aumento em seu valor. Com isso, o piso nacional vigente no país subiu de R$ 1.302 para R$ 1.320, uma alta de 1,4%.
Ao considerar os dois reajustes que já aconteceram neste ano, o salário mínimo subiu 8,9% no Brasil. Em resumo, o piso salarial do país era R$ 1.212 em 2022.
Aliás, o aumento de 8,9% superou a inflação acumulada no país em 2022, de 5,92%. Isso quer dizer que o poder de compra do consumidor cresceu, pois o salário mínimo subiu mais que a taxa inflacionária. Contudo, o valor do piso nacional permanece muito longe do que deveria ser.
De acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.571,52 em março de 2023.
Esse valor seria o sonho de milhões de trabalhadores que recebem bem menos que isso todos os meses. Inclusive, o valor projetado pelo Dieese é 5,05 vezes maior que o salário mínimo vigente no país à época (R$ 1.302).
Já em relação ao novo valor do piso nacional, de R$ 1.320, o salário ideal ficou 4,98 vezes maior. Embora a diferença tenha ficado menor, o aumento do salário mínimo não mudou o fato de que os trabalhadores do país recebem muito menos do que deveriam.
Esse salário ideal não passa de um sonho. Na verdade, não há qualquer expectativa sobre reajustes que aproximem o valor vigente à remuneração projetada pelo Dieese.
Por isso, os trabalhadores do país que gostariam de ter uma remuneração capaz de suprir todas as necessidades básicas das suas famílias, englobando alimentação, saúde, educação, lazer, entre outros pontos importantes, terão que continuar vivendo com um salário mínimo bem menor do que deveria ser.
Em suma, o Dieese divulga mensalmente uma pesquisa sobre as variações dos preços dos itens que compõem a cesta básica. A partir destes dados, a entidade calcula qual seria o salário mínimo ideal, levando em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês.
De acordo com a entidade, o salário mínimo ideal do Brasil seria aquele capaz de suprir as necessidades da população. Para definir qual seria o valor ideal para os trabalhadores do país as estimativas consideraram a cesta básica do estado de São Paulo, que foi a mais cara de março.
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Aliás, desde 1938 há uma lista que define os alimentos essenciais para a sobrevivência de uma família. Essa lista é composta por 13 itens básicos e possui regulamentação devido a um decreto. Confira abaixo quais são os itens:
O levantamento do Dieese considerou a cesta básica mais cara do país em março para estimar qual deveria ser o salário mínimo do país. No terceiro mês de 2023, São Paulo teve a cesta mais cara, custando R$ 782,23. A propósito, a cesta básica ficou mais barata em 13 das 17 capitais pesquisados em março.
A pesquisa comparou o custo da cesta com o salário mínimo líquido. Nesse caso, o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%.
Assim, o valor da cesta básica correspondeu a 60,1% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.302), ou seja, o trabalhador que recebia o piso nacional em março, e morava em São Paulo, gastou mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Além disso, a pesquisa também mostrou o tempo médio necessário para que um trabalhador do estado de São Paulo adquirisse produtos da cesta básica. A saber, os profissionais da região precisaram trabalhar 132 horas e 10 minutos em fevereiro para comprar os produtos.
A média nacional também ficou bastante elevada no mês passado. Contudo, o tempo a ser trabalhado no Brasil, em geral, não foi tão elevado quanto o de São Paulo, chegando a 112 horas e 53 minutos. Inclusive, esse valor ficou abaixo do estado paulista porque os demais locais pesquisados tiveram cestas básicas mais baratas.
Nesse sentido, segundo dados do Dieese, a cesta básica mais barata do país foi a de Aracaju (R$ 546,14). Se essa tivesse sido a cesta básica mais cara do país em março, o salário mínimo deveria ter sido R$ 4.588,12.
Esse valor é bem menor que o salário ideal projetado para cesta básica de São Paulo. No entanto, o valor ainda é muito superior ao piso nacional da época e ao salário mínimo vigente (R$ 1.320). Aos trabalhadores, resta aproveitar o novo aumento do salário, mesmo que tenha sido bem tímido.