De acordo com o SFN, o Sistema Financeiro Nacional, os programas e medidas emergenciais de crédito tiveram função primordial para manter o funcionamento do canal de crédito e auxiliaram diversas famílias e empresas a enfrentar os efeitos econômicos da pandemia causada pelo coronavírus (Covid 19).
Conforme informações oficiais do Relatório de Inflação do Banco Central, uma parte das medidas permitiu a postergação de pagamentos das operações de crédito, assim promovendo alívio temporário para os devedores.
O BC ressalta que os efeitos dessas postergações, entretanto, não foram captados pelos dados de concessão, indicador tradicional de fluxo de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) para o setor não financeiro.
O relatório do BC analisa o fluxo de recursos entre o setor não financeiro e o SFN, a partir da definição de uma proxy de pagamentos apurada com base na decomposição do saldo de crédito. Sendo assim, o saldo das operações de crédito varia em função das novas operações, das amortizações e de outros lançamentos.
Conforme informa o relatório, pode-se dizer que o saldo ao final do mês é formado pelo saldo do mês anterior, acrescido do valor das novas concessões, dos juros acruados no período e da atualização cambial dos contratos indexados à moeda estrangeira, e deduzido dos pagamentos efetuados e dos saldos baixados para prejuízo.
Assim sendo, reordenando os termos da equação anterior, evidenciam-se os pagamentos. Adicionalmente, extrai-se também o fluxo financeiro pela diferença entre as concessões e pagamentos. Esse fluxo é interpretado como o volume líquido de recursos transferido às famílias e às empresas pelo SFN.
Por conseguinte, com base nessa metodologia, observa-se um fluxo de recursos entre o SFN e os tomadores de crédito usualmente negativo, tendo em vista a remuneração dos serviços financeiros.
O BC informa que a série de fluxo financeiro apurada a partir de janeiro de 2012 mostrou aumento do fluxo de recursos em direção ao SFN de 2014 a 2016, durante o ciclo recessivo da economia e em meio a um processo de desalavancagem, com retração nos valores de concessões e de pagamentos.
A partir de 2017, com a flexibilização da política monetária e a recuperação da atividade econômica, observa-se mudança da tendência, com a redução do fluxo de recursos para o SFN.
O BC informa que no início da pandemia, com a necessidade de financiamentos das empresas e os novos programas de crédito, o SFN fez aporte de recursos ao setor não financeiro ampliando as concessões e postergando pagamentos dos devedores, tornando o fluxo de recursos significativamente positivo.
Assim sendo, nesse contexto, as concessões se recuperaram paulatinamente, enquanto os pagamentos permaneceram em nível contraído, destaca o relatório oficial do BC.