Menos de um mês depois de dar fim ao movimento grevista, servidores do Banco Central (BC) já começam a sinalizar mais uma vez que poderão voltar à greve. Por meio de uma nota, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), afirma que haverá uma assembleia para discutir o tema marcada para esta terça-feira (23).
O Sinal explicou que neste primeiro momento não há chance de uma paralisação. Os trabalhadores usarão a assembleia apenas para debater a atuação do Governo. Entretanto, os servidores dizem que se não houver uma resposta mais rápida, uma nova greve pode começar já a partir do mês de setembro.
“Como é só um alerta inicial, hoje não haverá ainda paralisação de nenhum serviço do BC. Porém, se a enrolação do Governo Federal continuar, os servidores do BC poderão entrar no mês de setembro em operação diferenciada, dificultando alguns processos de trabalho do BC (as características dessa Operação ainda não podem ser divulgadas por nós)”, diz a nota.
Vale lembrar que os servidores do BC passaram quase três meses em greve e só deram fim ao movimento no último mês de julho. Os trabalhadores pedem a aprovação de uma Medida Provisória (MP) que regulamenta a reestruturação da carreira dos trabalhadores. Além disso, eles também exigem um encontro com o Ministro Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
A relação entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e os servidores do Banco Central foi conturbada nos últimos anos. Na noite desta segunda-feira (22), as tensões se tornaram ainda maiores por causa de algumas declarações de Bolsonaro sobre a implementação do sistema de Pix nos bancos brasileiros.
Em entrevista para o Jornal Nacional, da TV Globo, Bolsonaro disse que conseguiu implementar o Pix para “tirar dinheiro dos bancos e dar para as pessoas”. Logo depois da declaração, o Sinal lançou uma nota de repúdio.
“Primeiramente, é importante ressaltar que o início do projeto do Pix é bem anterior ao mandato do atual presidente da República. A portaria do Banco Central n. 97.909, que instituiu o grupo de trabalho para desenvolver uma ferramenta interbancária de pagamento instantâneo, foi publicada em 3 de maio de 2018, muito antes da eleição do atual governo”, diz a nota.
“A redução do orçamento do Banco Central ano a ano, desde 2019, e as ameaças de cortes de salários, bem como reduções nas jornadas de trabalho, ajudaram a retardar a implementação do Pix em muitos meses”, completam os trabalhadores.
Ao menos até a publicação deste artigo, o Governo Federal ainda não tinha se manifestado sobre as críticas do Sindicato. Além disso, não há resposta sobre as ameaças de greve por parte dos trabalhadores do Banco Central.
No final do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou que pagaria um reajuste salarial apenas para os servidores da área de segurança. A declaração acabou gerando revolta de outras categorias, que também não recebiam o aumento há alguns anos.
Como o Governo se negou a pagar o reajuste, os servidores iniciaram uma série de greves e protestos. Paralisações aconteceram no Tesouro Nacional, no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e também no Banco Central.
Há muita expectativa em torno do envio da proposta de orçamento do Governo Federal para o Congresso Nacional. Entre outros pontos, o documento revelará se o Planalto dará ou não o reajuste para os servidores a partir do próximo ano.