A economista Laura Karpuska, pesquisadora na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas, acha possível haver uma piora ainda maior na economia do Brasil em 2021. Para ela, isso acontece pela falta de foco do governo em lidar com a pandemia e criar uma boa agenda econômica.
“Para pensarmos em retomada, tem de haver confiança no ambiente político, mas, nesse ambiente, faltam prioridades e um plano de ação. Isso tem impacto na economia”, disse ela em entrevista ao Estadão.
A economista lembrou que o mercado financeiro está fazendo revisão para baixo das expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) e citou a dificuldade do governo em estabelecer prioridades orçamentárias e um plano de ação. “Para pensarmos numa retomada sustentável, tem de haver confiança no ambiente político, mas, no ambiente, faltam prioridades e um plano de ação. Isso tem impacto na economia”, afirmou.
A curto prazo, a economista acredita que as chances da economia brasileira piorar são altas. Ela relembra que o Brasil não retomou o nível de atividade que possuía antes da última recessão. Agora, com o possível retorno do auxílio emergencial, o problema da retomada pode ser resolvido a curto prazo. Mas a falta de agenda do governo dificulta a solução a longo prazo.
A economista acredita que o retorno do auxílio emergencial é algo positivo. “A gente viu que o auxílio de R$ 600 foi custoso. A redução foi importante para diminuir o aumento dos gastos. Hoje a gente precisaria de um auxílio mais focalizado. Não concordo com a ideia de o tirar do teto de gastos, porque acaba virando remendo em cima de remendo”, opinou.
Nessa última semana, o governo começou a falar publicamente sobre o retorno do auxílio emergencial. Essa retomada deve ser com parcelas menores e para um público mais restrito.