Senadores articulam pedido de Impeachment ao STF e Ministro Ernesto Araújo não deve permanecer no cargo

Crises envolvendo o Ministro das Relações Exteriores podem gerar um desfecho ainda hoje

Uma proposta de impeachment do Ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo será apresentada por senadores ao Supremo Tribunal Federal na tarde desta segunda-feira (29).

O documento elaborado pelos senadores Randolfe Rodrigues e Alessandro Vieira, afirma que o ministro cometeu crime de responsabilidade ao dificultar a importação de vacinas para prevenir a Covid-19.

As crises envolvendo o ministro

Os conflitos entre Ernesto Araújo e o Senado ganharam novas proporções no último domingo (28), após uma postagem em rede social, na qual o ministro ataca a senadora Kátia Abreu.

O chanceler insinuou que a pressão imposta pela senadora e presidente da Comissão de Relações Exteriores se deve a interesses relacionados à implementação da tecnologia 5G no Brasil e não por conta das vacinas contra a Covid-19.

“Em 4 de março recebi a senadora Kátia Abreu para almoçar no Ministério das Relações Exteriores. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.’ Não fiz gesto algum”, afirmou o ministro no último domingo.

Kátia Abreu rebateu duramente as insinuações e qualificou o ministro de “marginal”:

“O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições”.

Pouco depois da postagem de Ernesto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou, na mesma rede social, que a tentativa do ministro de “desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge” toda a Casa.

Marcada por questões ideológicas, a gestão do ministro é duramente criticada por empresários e políticos de esquerda, centro e direita.

Críticas à política externa e às estratégias adotadas por Araújo incluem a deterioração das relações com a China, principal parceira comercial do Brasil desde 2009, e a divulgação de mentiras sobre a evolução da pandemia no Brasil.

O ministro já foi advertido publicamente por não cumprir com as medidas de prevenção ao novo coronavírus.

Ministro teria decidido se demitir

Segundo informação repassada pelo próprio ministro a seus subordinados, Ernesto Araújo optou por deixar o cargo na manhã desta segunda-feira (29).

Fontes do Planalto informaram que o Ministro das Relações Exteriores e o presidente Jair Bolsonaro realizarão uma nova reunião às 17h.

Ernesto disse a Bolsonaro que não quer ser visto como um problema para o governo.

A expectativa de integrantes do governo é que a saída de Ernesto Araújo se concretize ainda nesta segunda-feira.

Nomes mais cotados para o cargo

Com a saída do ministro, o Palácio do Planalto tende a nomear outro diplomata para a função.

Os nomes mais cotados são o de Nestor Forster, que representa o Brasil nos Estados Unidos, e Luis Fernando Serra, que está na França.

O chanceler esteve no Palácio do Planalto na manhã desta segunda-feira e disse ao presidente Jair Bolsonaro que está disposto a deixar o cargo.

Ao que tudo indica, a sua saída será confirmada ainda hoje, mas a demissão não ocorreu até o presente momento.