Direitos do Trabalhador

São Paulo anuncia reajuste do salário, que pode chegar a R$ 1.550

O Governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) indicou neste domingo (30) a intenção de reajustar o salário mínimo estadual. Na véspera do Dia dos Trabalhadores, ele confirmou que a ideia é elevar o saldo dos atuais R$ 1.284 para R$ 1.550, o que representaria uma elevação de 20,7%.

A proposta estabelece que o valor deverá ser válido para todas as faixas. O texto ainda precisa ser analisado pela Assembleia Legislativa do estado de São Paulo. Segundo informações de bastidores, Tarcísio deve ir pessoalmente até a sede do poder legislativo para entregar o documento.

Em São Paulo, o sistema de pagamento do salário mínimo é um pouco diferente do formato usado pelo Governo Federal. A unidade da federação mais rica do país estabelece um valor para a faixa mais baixa (R$ 1.284) e outro para a faixa mais alta (R$ 1.306), considerando sempre os dados atuais.

Em caso de aprovação, os reajustes serão de:

  • 20,7% para a primeira faixa;
  • 18,7% para a segunda faixa.

O aumento de 20,7% (tomando como base a elevação para a faixa mais baixa) representa 4 vezes o valor medido pela inflação do ano passado, que ficou em 4,65%, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Caso a proposta de Tarcísio seja aprovada, e todas as faixas passem a receber R$ 1.550, será possível afirmar que o salário mínimo paulista será 8,9% maior do que o nacional, que a partir de maio começará a fazer pagamentos mínimos de R$ 1.320, como anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também neste domingo (30).

O anúncio de Lula

O petista confirmou mais um aumento no valor do salário mínimo para este ano. De acordo com ele, o piso nacional vai passar de R$ 1.302 para R$ 1.320. O patamar já está validado e entra em vigor a partir deste dia 1º de maio.

“A começar pela valorização do salário mínimo, que há seis anos não tinha aumento real, e vinha perdendo o poder de compra dia após dia. Mas já estamos começando a reverter essa perda. A partir de amanhã (segunda, 20) passar a valer R$ 1.320 para trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas. É um aumento pequeno (R$ 18 a mais), mas real, acima da inflação”, disse o presidente.

“É preciso lembrar que a valorização do salário mínimo não é essencial apenas para quem ganha um salário mínimo. Com mais dinheiro em circulação, as vendas do comércio aumentam, a indústria produz mais, a roda da economia volta a girar, e novos empregos são criados”, completou Lula.

Em seu anúncio, Lula também criticou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o principal padrinho político de Tarcísio.

“Tudo piorou nos últimos anos. O emprego sumiu, Os salários perderam o poder de compra. A inflação subiu. Os juros dispararam. Direitos conquistados ao longo de décadas foram destruídos de um dia para o outro. Poucas vezes na história o povo brasileiro foi tratado com tanto desprezo, e teve pouco a comemorar” disse Lula.

A resposta de Haddad

De acordo com informações de bastidores, ministros de Lula reagiram internamente ao anúncio de Tarcísio sobre o aumento do salário mínimo, no mesmo dia do pronunciamento do presidente do país. Segundo tais informações, os ministros do governo minimizaram a decisão e disseram que ela terá pouco ou nenhum impacto político.

Um dos ministros que minimizaram o anúncio foi o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Em conversa com aliados, ele lembrou que o valor do salário mínimo paulista sempre foi maior do que o patamar do piso estabelecido pelo Governo Federal.

Haddad disse ainda que elevar o salário de São Paulo acima do reajuste federal também foi uma de suas principais promessas de campanha nas eleições do ano passado. O Ministro disputou o governo do estado de São Paulo justamente contra Tarcísio.