A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo ampliou o número de reuniões com as centrais trabalhistas este ano. Pelo menos é isso o que mostram os números dos próprios Sindicatos que passaram por uma divulgação nesta semana.
De acordo com esses dados, a Prefeitura realizou 17 reuniões com entidades só neste ano. Isso considerando apenas os números do primeiro trimestre, que inclui o intervalo entre os meses de janeiro e março. Os dados de abril, por exemplo, não entram nesta conta.
Segundo a Prefeitura, a boa parte dessas reuniões tratou sobre “as necessidades pedagógicas, sociais e psicológicas dos estudantes e profissionais da educação”. Não se sabe, no entanto, se essas conversas evoluíram para questões práticas.
Em boa parte dessas reuniões, o debate girou em torno do retorno escolar presencial para esses profissionais. É que boa parte desses profissionais da educação possuem um certo temor de voltar ao ambiente de trabalho agora. Acontece que há um perigo de contaminação pela Covid-19 nesses locais.
A pandemia do coronavírus ainda não acabou no Brasil. Na verdade, ela está passando pelo seu pior momento agora. De acordo com dados das secretarias municipais de saúde, o número de mortes totais no país passa dos 430 mil. E São Paulo é justamente a cidade que lidera esse ranking.
No entanto, o fato é que a Prefeitura de São Paulo está tentando se aproximar não apenas dos professores neste momento. Há indícios de que existe uma aproximação com sindicatos de outras categorias neste momento da pandemia. E isso pode ser um reflexo da inimizade entre o Presidente Jair Bolsonaro e o Governador do estado, João Dória (PSDB).
Como se sabe, o Prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), é do mesmo partido do Governador. E mesmo que essa agremiação política se considere de centro-direita, eles estão preferindo se aproximar de alguma forma dessa massa trabalhista neste momento.
Vale lembrar que o Presidente Jair Bolsonaro venceu as eleições presidenciais de 2018 com um discurso de negação da importância dos sindicatos. Entre outras coisas, o Presidente sempre alegou que essas organizações seriam “locais para criminosos”.
Quando Bolsonaro dizia isso, João Dória decidiu apoiá-lo naquelas eleições. Aliás, entre outras coisas, ele mesmo aprovou a criação do selo “bolsodória”. Anos depois daquela eleição, o próprio Dória está liderando uma aproximação do PSDB com sindicatos trabalhistas neste momento.
Recentemente, algumas centrais sindicais chegaram a pedir para que um vídeo de Dória fosse transmitido em um evento do Dia do Trabalhador, no último dia 1° de Maio. No entanto, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que é mais próxima do PT, não permitiu essa veiculação.
No meio da questão dos interesses políticos, estão os trabalhadores. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), quase 60 milhões desses empregados não sabem se irão conseguir colocar comida na mesa da família no dia seguinte. Boa parte deles está esperando por ajudas do Governo. E aí não importa se essa ajuda vai vir dos sindicatos, do Governo do Estado ou do Palácio do Planalto.