Notícias sobre o salário mínimo sempre chamam a atenção dos trabalhadores do país. Todos os anos, o Governo Federal reajusta o piso nacional, aumentando o poder de compra da população, mas o aumento nunca atinge as expectativas das pessoas.
Para 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto reajustando o valor do salário mínimo de R$ 1.320 para R$ 1.412, aumento real de R$ 92. Esse valor foi comemorado por muitos trabalhadores, pois o aumento superou a inflação acumulada no período, ou seja, promoveu ganho real aos brasileiros.
Embora muitos considerem essa notícia como algo positivo, um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que os trabalhadores do país deveriam receber muito mais que salário mínimo atual.
O levantamento do Dieese levou em consideração o mês de janeiro, mês em que o salário mínimo que vigorava no país já era de R$ 1.412. No primeiro mês de 2024, o valor do piso nacional do Brasil deveria ficar acima de R$ 6 mil, pois essa faixa, quase cinco vezes maior que o salário vigente, seria ideal para os trabalhadores.
De acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo Dieese, o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.723,41 em janeiro. Esse valor projetado pelo Dieese é 4,76 vezes maior que o salário mínimo atual.
O valor projetado pelo Dieese é um reflexo das dificuldades que os trabalhadores do país enfrentam todos os meses. Isso porque a remuneração deveria ser capaz de suprir todas as necessidades básicas dos trabalhadores e suas famílias, englobando alimentação, saúde, educação e lazer, entre outros.
Entretanto, o salário mínimo do Brasil continua bem menor do que deveria. Portanto, as famílias que recebem o piso salarial sofrem para viver dignamente, uma vez que o valor do salário não é capaz de suprir as necessidades básicas da população brasileira.
O Dieese divulga mensalmente uma pesquisa sobre as variações dos preços dos itens que compõem a cesta básica. A partir destes dados, a entidade calcula o salário mínimo ideal do país, levando em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês.
Segundo a entidade, o salário mínimo ideal do Brasil seria aquele capaz de suprir as necessidades da população. Para definir qual seria o valor ideal para os trabalhadores do país as estimativas consideraram a cesta básica de São Paulo, que foi a mais cara do país no mês passado.
Em síntese, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Aliás, desde 1938 há uma lista que define os alimentos essenciais para a sobrevivência de uma família. Essa lista é composta por 13 itens básicos e possui regulamentação devido a um decreto. Confira abaixo quais são os itens:
O levantamento do Dieese considerou a cesta básica mais cara do país em janeiro para estimar qual deveria ser o salário mínimo do país. No mês passado, Florianópolis teve a cesta mais cara, custando R$ 800,31. A propósito, a cesta básica ficou mais cara em 16 das 17 capitais pesquisados em janeiro.
A pesquisa comparou o custo da cesta com o salário mínimo líquido. Nesse caso, o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Assim, o valor da cesta básica correspondeu a 56,7% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412).
Em outras palavras, o trabalhador que recebeu o piso nacional em janeiro, e morava em Florianópolis, gastou mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Além disso, a pesquisa também mostrou o tempo médio necessário para que um trabalhador de Florianópolis adquirisse produtos da cesta básica. A saber, os profissionais do estado precisaram trabalhar 124 horas e 41 minutos em outubro para comprar os produtos.
A média nacional também ficou bastante elevada no mês passado. Contudo, o tempo a ser trabalhado no Brasil, em geral, não foi tão elevado quanto o da capital catarinense, chegando a 109 horas e 03 minutos.