O aumento do Bolsa Família é esperado por muitos brasileiros, principalmente os mais pobres. Mas o benefício pode também recair sobre a inflação, já que a demanda irá ser maior. Apesar disso, especialista na área explica que este não é o principal problema no possível aumento do benefício de R$ 190 para aproximados R$ 300.
O Diretor-Presidente da Instituição Fiscal Independente, Felipe Salto, afirmou que o que vem acontecendo no Brasil, na realidade, é o encarecimento do custo de vida e esse é o maior impacto.
“Quando você olha o IPCA, você vê que a alimentação, fora e dentro do domicílio, carne, arroz, feijão, coisas básicas são os que mais tem aumentado. O auxílio ajuda a amenizar esse fator, mas não resolve, O botijão de gás, por exemplo, está custando quase R$ 100, dependendo da região”, disse ele em live do Brasil Econômico nesta quinta-feira (5).
Neste cenário ele ainda deixa claro que realmente o aumento do Bolsa Família vai ter efeito no consumo, porém o que preocupa é a taxa de câmbio.
“O preço do dólar aumentou muito do fim do ano passado para cá. Isso deve a instabilidade política e às incertezas externas também. Nossas importações são afetadas e acabam resvalando nos serviços e no consumo”, explicou.
Felipe Salto ainda comentou que para lidar com o aumento de preços, devido a demanda maior, são necessárias medidas a longo prazo e que combatam a desigualdade.
“Isso não se faz com medidas aqui e acolá, impensadas, é necessário observar estudos, como o do CDPP (Centro de Debates de Políticas Públicas) que propõe a unificação de programas menos efetivos, como o abono salarial, por exemplo”, argumentou.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem anunciando em entrevistas que pretende aumentar o Bolsa Família em pelo 50% e, com isso, pagar no mínimo R$ 300 por família.
A ideia também é trocar o nome do programa para Auxílio Brasil, numa tentativa de “tirar a marca Lula”, já que o benefício social foi criado na gestão do ex-presidente.
O lançamento do “Auxílio Brasil” deve acontecer ainda este ano, pelo menos se for levado em consideração as promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes. Também é pretendido aumentar o número de beneficiários.
O que deve ser feito na prática, só poderá ser definido quando de fato o projeto por apresentado e negociado com o Congresso.