De olho em um mercado potencial de 33 milhões de clientes, a Caixa Econômica Federal lançou seu cartão de crédito consignado . Inicialmente, o produto será voltado só para beneficiários do INSS e estará disponível só nas agências de Brasília. A meta é expandir a oferta para o resto do país, inclusive o Rio, até junho.
O banco público quer vender pelo menos 10 milhões de cartões desse tipo ao longo dos próximos quatro anos.
Cartões consignados já são oferecidos por bancos médios no país. Na prática, funcionam como um empréstimo consignado tradicional, mas podem também ser usados como cartões de crédito convencionais. A diferença é que o pagamento mínimo da fatura já é descontado diretamente em folha, o que reduz a chance de inadimplência.
No caso do cartão da Caixa, o limite será preestabelecido em 1,4 vez o valor do benefício. Um aposentado que ganhe cerca de R$ 1 mil, portanto, terá acesso a um limite de crédito de R$ 1.400. Quando contratar o produto, terá a opção de receber todo esse valor em conta corrente, como em um empréstimo, ou sair da agência com plástico para usar em compras.
O valor da parcela não poderá ultrapassar 5% do benefício. No caso de um salário de R$ 1 mil, então, será de no máximo R$ 50. Quando a fatura chegar, esse valor será descontado diretamente do benefício e o restante será financiado a uma taxa de 2,85% ao mês. A taxa é mais alta que a média de um empréstimo consignado, que está em 1,8%. Se pagar apenas o valor mínimo descontado em folha, o cliente quitará a dívida em 60 meses.
Segundo a Caixa, os juros do produto são mais altos por causa das características específicas, como a possibilidade de fazer compras.
— Empréstimo consignado e o cartão consignado são complementares. A vantagem do cartão é a mobilidade — afirmou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, durante café da manhã com jornalistas.
O cliente também poderá usar o crédito como um cartão normal. Nesse caso, terá disponível o mesmo limite e poderá fazer compras. Se não pagar o total da fatura, o restante será parcelado à mesma taxa de 2,85% ao mês. Essa taxa é promocional de lançamento e pode mudar, mas não pode ultrapassar 3%, segundo instrução normativa do INSS.
Guimarães sustenta que o lançamento do produto não tem o risco de estimular a inadimplência, porque o crédito consignado costuma ser tomado por pessoas que já têm outros tipos de dívidas.
— A população quando não faz o crédito aqui, vai buscar na esquina pagando 20% ao mês — completou o executivo.
Aumento na oferta de produtos
O lançamento do produto faz parte da estratégia do banco público de aumentar a oferta de produtos aos seus mais de 100 milhões de clientes. Para isso, a instituição também quer turbinar a estrutura de seus 8.500 correspondentes exclusivos e 13 mil casas lotéricas. O banco estima que menos de 10% das lotéricas oferecem serviços além de venda de jogos e pagamento de contas.
— A Caixa são quatro bancos: o banco comercial, a junção do antigo BNH (crédito imobiliário), é o banco das políticas públicas e gestora do FGTS. Até janeiro, essas áreas não se falavam. Não tinha todo mundo coordenado, buscando o cross selling dos clientes. Por isso tem 95 milhões de cartões de débito e 5 milhões de cartões de crédito — destacou Guimarães.
Ainda nesse ano, a Caixa quer expandir o produto para outros públicos além dos beneficiários do INSS. A ideia é oferecer para servidores públicos da União, estados e municípios e até para funcionários de empresas privadas que tenham convênio de crédito consignado. O cliente não precisa ser cliente da Caixa para ter acesso ao produto.
— Em que pese haver uma identificação de que é um cartão consignado para beneficiários do INSS, não é. Ele pode ser ofertado e disponível para qualquer pessoa que tenha vínculo com uma empresa que tenha convênio de consignação com o banco. Fizemos uma opção de começar pelo INSS, mas vamos chegar a todos os públicos — explica Julio Volpp, vice-presidente de produtos de varejo da Caixa.
De acordo com dados mais recentes do Banco Central, o setor de crédito consignado movimenta mais de R$ 340 bilhões em empréstimos.