A indústria brasileira de cartões de crédito está prestes a passar por uma grande transformação nos próximos três ou quatro anos. De acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, uma das mudanças mais significativas será o fim do uso físico dos cartões, impulsionado pela introdução do Real Digital.
Campos Neto fez essa afirmação durante sua participação no painel “Brazil’s Payments Revolution – A Model for the World” (“Revolução dos Pagamentos no Brasil – Um Modelo para o Mundo”), promovido pela Americas Society/Council of the Americas, em Miami, nos Estados Unidos. Ele ressaltou que a tecnologia oferece um vasto campo de possibilidades a serem exploradas, indo além do que já foi feito até o momento.
Com a introdução da moeda digital, o uso físico dos cartões de crédito se tornará obsoleto. O Real Digital oferecerá uma alternativa mais conveniente, segura e eficiente para realizar transações financeiras. A possibilidade de realizar pagamentos através de dispositivos móveis e carteiras digitais irá revolucionar a forma como lidamos com o dinheiro.
Atualmente, o Banco Central está trabalhando no desenvolvimento do Real Digital e no conceito de Open Finance. O Open Finance permitirá a integração de diferentes serviços financeiros, proporcionando aos usuários uma experiência mais completa e personalizada. Além disso, a tokenização e monetização de dados serão áreas de avanço futuro para a indústria de cartões de crédito.
Uma das inovações que se espera com o avanço da indústria de cartões de crédito é a criação de carteiras digitais offline. Atualmente, os bancos ainda não desenvolveram essa funcionalidade, mas acredita-se que ela será uma realidade em um futuro próximo. Com as carteiras digitais offline, os usuários poderão realizar transações mesmo em locais sem conexão com a internet, oferecendo maior conveniência e acessibilidade.
Outra possibilidade interessante trazida pelo avanço tecnológico é a monetização das carteiras digitais. As pessoas poderão ganhar dinheiro através de suas carteiras digitais, seja por meio de programas de recompensas ou pelo compartilhamento de dados com empresas. Essa monetização trará uma nova dinâmica para a indústria de cartões de crédito e abrirá novas oportunidades para os consumidores.
Campos Neto também mencionou o desafio de simplificar o Pix, o sistema instantâneo de pagamentos. Atualmente, é necessário realizar alguns cliques e até mesmo utilizar recursos como reconhecimento facial para efetuar uma transação. No entanto, o presidente do Banco Central acredita que é possível reduzir a quantidade de cliques necessários, tornando o processo mais rápido e intuitivo para os usuários. Ele destacou que o Pix é programável e possui um potencial ilimitado para oferecer serviços inovadores.
Campos Neto ressaltou a importância da tecnologia como forma de democratizar o sistema financeiro. Segundo ele, os bancos centrais devem cada vez mais investir em tecnologia para promover a inclusão financeira e oferecer serviços acessíveis a todos. Ele expressou a esperança de que o próximo presidente do Banco Central tenha ainda mais conhecimento tecnológico do que ele e continue impulsionando a evolução do setor.
Durante o evento, o Pix receberá o prêmio Bravo Beacon of Innovation Award, concedido pelo Council of the Americas (COA). Esse prêmio reconhece a excelência e liderança nos negócios e na política no mundo ocidental. Essa conquista é um reflexo do impacto positivo que o Pix tem causado no cenário financeiro brasileiro e sua importância como modelo para outros países.
A indústria brasileira de cartões de crédito está prestes a passar por uma revolução com a chegada do Real Digital. O fim do uso físico dos cartões será apenas o começo de uma transformação que trará mais segurança, eficiência e conveniência para os usuários. As carteiras digitais offline, a monetização das carteiras e a simplificação do Pix são apenas algumas das inovações que podemos esperar nos próximos anos. Com a tecnologia como aliada, o sistema financeiro brasileiro caminha para uma maior democratização e inclusão.