Safra agrícola brasileira deve chegar a 260 milhões de toneladas produzidas
Cozinhar, plantar hortas dentro de casa, inventar receitas e até transformar essas receitas em negócios, foram algumas das atividades que o brasileiro fez ou teve que fazer nessa Pandemia. E esse é apenas um dos motivos para o crescimento da safra agrícola que vai bater recorde em 2021. O agro se vê hoje longe da crise e vive um dos seus melhores momentos.
A “culpa” disso tudo se deve principalmente a uva, soja e ao trigo que também devem atingir uma quantidade inédita. Alguns outros cultivos também comemoram os números como o feijão e do arroz, pratos típicos brasileiros. Em 2021 a safra agrícola do Brasil vai chegar a um total de 264,9 milhões de toneladas, segundo pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira (8). O número é 10,7 milhões de toneladas a mais do que no ano anterior, um aumento de 4,2%. A Conab previu um aumento maior do que o do IBGE para este ano, alcançando as 273,8 milhões de toneladas.
Opinião do especialista
O engenheiro agrônomo Ivan Romano Jarussi, gerente de marketing de cultura soja e milho da FMC Agrícola, explica um pouco desse fenômeno.
“Hoje você vê inclusive muitos produtores plantando soja e milho, o que antigamente não acontecia. Não são todos, mas hoje já temos 15 milhões de hectares de milho safrinha, ou seja, uma área considerável da soja já vira a segunda safra de milho porque os produtores se profissionalizaram, eles estão entendendo a importância da rentabilidade do sistema. A fazenda é uma empresa, é a única diferença é que é uma empresa a céu aberto, mas é uma empresa que tem que tomar cuidado como qualquer outra”, ponderou ele em entrevista ao Canal Giro do Boi.
Os trabalhos de colheita entraram na reta final no Brasil e uma nova safra recorde está sendo consolidada. Apesar de alguns problemas regionalizados (muita e pouca chuca no Centro-Oeste), a evolução dos trabalhos revelou grandes produtividades médias nos principais estados produtores do país nos últimos dois meses, incluindo no Rio Grande do Sul, estado que costuma sofrer em anos de La Niña;
Com o crescimento de 3,9% na área total de plantio da Safra 2020/2021, a previsão é alcançar 68,5 milhões de hectares. Esse total conta com 20 milhões de hectares que vêm das lavouras de segunda e terceira safras e as de inverno, que ocuparão a pós-colheita da soja e do milho primeira safra.
Centro Oeste sofreu
No Centro Oeste o excesso de chuva atrasou a colheita de soja e o plantio do milho. Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, já apresentam queda nas estimativas do rendimento médio da safra, sendo – 8,9%, – 8,2% e – 9,2% respectivamente. O milho de 1° e 2° safra, teve redução em 1,5% e 0,1% respectivamente, e a aveia, com – 0,3%. O é o que mais cresceu foi a região Sul com + 13,7% e o Sudeste com + 3,5%.
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Soja
O Brasil é o maior produtor mundial de soja. Nessa safra, o produto deve alcançar novamente um volume de produção recorde estimado em 135,5 milhões de toneladas. Isso representa um crescimento de 8,6% em relação à safra anterior. E por que? Alta do dólar, aumento da demanda e do interesse de quem antes não plantava são alguns dos motivos. O plantio e colheita da soja enfrentaram diversos problemas principalmente no Centro Oeste, primeira pela falta de chuva, depois pelo excesso dela.
Trigo
O trigo também se destacou na produção para 2021. A expectativa é de 541,6 mil toneladas a mais do que em 2020, crescimento de 8,1%. Essa semente que está presente na maioria dos alimentos teve alta principalmente pelo aumento do plantio, com o objetivo substituir parte das importações por causa da alta do dólar.
Uva
No vinho, na mesa, no suco, nos doces, nos pães. A Uva está no pódio da safra agrícola também. A previsão é que se chegue a 1,7 milhão de toneladas nesse ano. E grande parte desse ouro roxo está no Rio Grande do Sul que teve suas lavouras com rendimento superior ao esperado. O Estado gaúcho é responsável por 56,5% da safra nacional, teve alta de 8,5% em relação à estimativa anterior, alcançando 950,2 mil toneladas.
Milho
A curva futura do milho recuou na grande maioria dos vencimentos um dia após o contrato para maio chegar a operar acima de R$ 100 por saca. O vencimento para maio passou de R$ 99,79 para R$ 98,94 e o para julho foi de R$ 95,68 para R$ 94,52 por saca.
“O crescimento dessa safra foi expressivo, 6,5% ou 16,8 milhões de toneladas em relação à safra anterior. De onde vem isso? Um primeiro ponto, tivemos aumento de 3,9% da área cultivada”, explicou o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen.
A soja e o milho respondem pela grande maioria na produção brasileira das safras anuais isso porque eles fazem parte de uma gama imensa de possibilidades até chegar a mesa do consumidor brasileiro e de muitas partes do mundo. A previsão para o milho é de atingir 109 milhões de toneladas com crescimento de 6,2% sobre a produção passada. O Brasil produz milho em três safras por ano. De acordo com a Conab, serão 24,5 milhões na primeira safra, 82,6 milhões na segunda e 1,8 milhão na terceira safra.
Demais culturas
A soja e o milho lideram a produção brasileira de grãos, seguidos por arroz, trigo, feijão e algodão (pluma).
Considerando as três safras de feijão, é esperado crescimento de 2% na produção, chegando a 3,3 milhões de toneladas. A estimativa da Conab é que a produção de arroz tenha redução de 0,8% no comparativo com a safra anterior, somando 11,1 milhões de toneladas.
O plantio do trigo deve ser intensificado a partir do próximo mês e já sinaliza uma produção de 6,4 milhões de toneladas. Para o algodão, a estimativa de produção é de 6,1 milhões de toneladas do produto em caroço, correspondendo a 2,5 milhões de toneladas de pluma.
Exportações
A previsão da Conab é que a exportação de soja atinja volume recorde da série histórica. A estimativa é de venda de 85,6 milhões de toneladas para o mercado externo, aumento de 3% em relação à safra anterior. O resultado poderá ser alcançado em razão da demanda internacional ainda aquecida.
Boi: arroba chega a R$ 321 em São Paulo
De acordo com a consultoria Safras & Mercado, a arroba do boi gordo passou de R$ 320 para R$ 321 em São Paulo. Dessa forma, registrou uma nova máxima no ano para o mercado físico paulista na coleta da consultoria. Segundo o analista Fernando Iglesias, é possível observar um aumento pontual da oferta em alguns estados. Ainda assim, as cotações se mantêm firmes.
No mercado futuro, os contratos do boi gordo negociados na B3 recuaram após alguns dias de altas firmes. O vencimento para abril passou de R$ 317,25 para R$ 316,75, o para maio foi de R$ 314,95 para R$ 313 e o para outubro, de R$ 327 para R$ 325,5 por arroba.
Nem tudo são “sojas”
Se para o agro a crise não existiu, para os outros setores que compõe essa cadeia, ela chegou arrasando. Em agosto do ano passado, o Sebrae e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) descobriram que 85% dos negócios de alimentação ainda estavam faturando menos do que antes da pandemia, contra 81% da média das demais atividades. Também segundo o Sebrae esses empresário buscaram nos créditos bancários o apoio que precisavam: 56% das empresas do ramo buscaram empréstimo desde março, segundo a pesquisa Sebrae/Abrasel. Um apoio importante para um setor que, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), gera 1,6 milhão de postos de trabalho em mais de 36 mil empresas.
Associações seguem pedindo liberdade para atuar
Em nota as Associações do setor produtivo, representantes das empresas responsáveis por mais de 80% da produção e distribuição de alimentos e bebidas no Brasil, chegaram a reforçar a importância da produção de alimentos e bebidas, sua cadeia de logística e de vendas, como supermercados, funcionarem sem interrupção ou restrições durante a pandemia da Covid-19. Ele afirmam que qualquer interrupção traria efeitos negativos não só para a produção e o abastecimento, mas também para o armazenamento de produtos perecíveis que, ao não serem processados ou distribuídos, deixam de estar aptos para consumo. Situação grave e inimaginável em um cenário de pandemia, num momento em que a segurança alimentar é essencial para saúde da população e prevenção de doenças.
Eles pedem para que as normas que tragam restrição de circulação ou funcionamento de atividades não afete:
– o funcionamento das fábricas de alimentos, bebidas e insumos necessários à produção;
– a cadeia logística de armazenamento, distribuição e vendas de alimentos e bebidas – supermercados (uma vez que nem todas as pessoas e localidades têm acesso aos serviços de delivery);
– a locomoção de caminhões e veículos privados ou coletivos que transportem colaboradores da indústria de alimentos e bebidas e de sua cadeia de forma que a atividade possa ser regularmente desenvolvida durante a semana, feriados ou finais de semana;
– a flexibilidade necessária no efetivo de colaboradores e nos turnos de entrada e saída das fábricas.
Setor de alimentos contratou
De acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o setor foi responsável pela criação de oito mil vagas de empregos entre janeiro e abril de 2020 – as contratações cresceram 0,5% em relação ao mesmo período de 2019. Por ser atividade essencial, a indústria de alimentos continuou a produzir durante a quarentena provocada pela pandemia de Covid-19.