O ex-jogador de futebol e senador Romário (PL-RJ), participou de uma audiência pública na Comissão do Esporte (Cesp), do Senado, na última quarta-feira (20/09). A princípio, um dos temas tratados foi a utilização de tecnologia, que poderia ajudar em um combate efetivo contra a manipulação de resultados no futebol brasileiro.
Todavia, a audiência pública na Cesp discutiu o uso da inteligência artificial (IA) para a luta contra as chamadas máfias que atuam mediante uma manipulação de resultados com o objetivo de garantir valores resultantes de apostas esportivas. Participaram representantes do Governo Federal e entidades da sociedade civil.
Ademais, houve uma discussão a respeito dos rumos que devem ser tomados para que se possa, segundo Romário, combater “o mal que tem corroído o futebol na sua alma, na sua essência”. Para o senador, o esporte mais apreciado pelos brasileiros, nos últimos tempos, acabou por mergulhar na pior crise da história do esporte.
Aliás, isso se deve ao fato de que o Ministério Público de Goiás, neste ano de 2023, realizou uma série de investigações que apresentaram como resultado, informações a respeito de dezenas de casas de jogos de todo o país. Elas participavam de uma manipulação do resultado dos jogos de diversos times de futebol no Brasil.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), defendeu o projeto de lei (PL 3626/2023) do Governo Federal. Ele tem como objetivo principal, aumentar a taxação de apostas esportivas, o que deve garantir os recursos para melhorar as estruturas dos Ministérios Públicos e da Polícia Federal no combate às ações criminosas.
Há um consenso de que estas ações recaiam diretamente no mercado de apostas esportivas. Portinho afirma que, tanto a Polícia Federal, quanto os Ministérios Públicos, devem ter uma força-tarefa específica para atuar contra essas máfias do esporte. Enfim, espera-se que a utilização de tecnologia ajude nas investigações.
Dessa maneira, o senador diz que as investigações atuais apresentaram uma série de informações no qual foi apontado, que existem inúmeros grupos que aliciam os jogadores de futebol, com o objetivo de manipular os resultados das partidas. Em muitos casos eles também estão relacionados ao tráfico de drogas, e em outros crimes.
O consultor jurídico do Ministério do Esporte, Guilherme Benages, diz que os jogadores envolvidos são a “ponta do iceberg”, de máfias que possuem um alcance até mesmo internacional. Para ele, esses grupos não estão apenas envolvidos na manipulação dos resultados de jogos de futebol, mas também em outros crimes.
Dessa maneira, o assessor do Ministério da Fazenda, José Francisco Mansur, junto a outros palestrantes, defenderam uma série de investimentos em Inteligência Artificial e Tecnologia da Informação (TI). Eles serviriam para monitorar em tempo real as apostas em diversos tipos de esportes, incluindo os jogos de futebol de todo o país.
Em síntese, com a utilização massiva desse tipo de tecnologia, seria possível emitir alertas relativos a atividades criminosas suspeitas. O ministro afirma que os softwares poderiam, de certa forma, avisar as autoridades responsáveis, no momento da realização de apostas suspeitas, atuando neste sentido.
A inteligência artificial poderia, por exemplo, prever quando um jogador, em uma partida de futebol, receberá um cartão amarelo. Em outro cenário, a tecnologia empregada analisaria diversas apostas, com um resultado fora do padrão. Os sistemas também apresentariam dados sobre o desempenho dos atletas.
José Francisco Mansur defende que o Senado apoie o projeto de lei, que taxa as empresas responsáveis pelas apostas esportivas. Ele afirma que elas têm movimentado ao ano, entre R$100 bilhões a R$150 bilhões, só no Brasil. Para o assessor do Ministério da Fazenda, “chegou a hora delas contribuírem como devem”.
Dessa forma, Mansur diz que uma parte dos valores relacionados à taxação de empresas de apostas esportivas, poderia ser aplicada no desenvolvimento de determinados sistemas de monitoramento de apostas. A tecnologia poderia ser empregue na busca de manipulação de resultados.
Em conclusão, o presidente da Associação Brasileira de Apostas Esportivas (Abaesp), é contra o projeto de lei. Ele afirma que a cobrança maior de taxas sobre essas empresas, poderia, de certa forma, prejudicar este tipo específico de mercado. Sendo assim, muitas organizações fechariam as portas.