O Banco Central (BC) divulgou nesta segunda-feira (2) as novas projeções de analistas do mercado financeiro sobre indicadores econômicos do Brasil. O relatório Focus, que é divulgado semanalmente pelo BC, mostrou que os analistas continuam acreditando em um crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023, na comparação com o ano passado.
De acordo com a publicação, o PIB brasileiro deve crescer 2,92% em 2023, ou seja, o avanço deve superar o crescimento registrado em 2022 (2,9%). Aliás, esse dado reflete o fortalecimento econômico do país neste ano, visto que, no primeiro semestre, as projeções apresentadas no relatório do BC indicavam um avanço até mesmo inferior a 1,00% em 2023.
Por falar nisso, o relatório Focus informa as projeções atualizadas de analistas do mercado financeiro em relação aos principais indicadores econômicos do Brasil. Nesta semana, as estimativas para o PIB se mantiveram estáveis.
No início de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o PIB do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023. O resultado foi bem menor que o registrado nos três primeiros meses deste ano, quando a economia cresceu 1,8%.
Contudo, o que chamou a atenção não foi a desaceleração da atividade econômica, que já era esperada, mas o avanço ter vindo bem acima do esperado pelo mercado. Os analistas estimavam um crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre, mas o resultado superou as expectativas, animando o mercado e o governo federal.
Com um crescimento maior que o previsto, os analistas do mercado financeiro passaram a elevar as suas projeções para a economia brasileira em 2023.
Já para 2024, as projeções para o avanço do PIB também se mantiveram estáveis em 1,50%. A alta projetada para o ano que vem é quase metade do estimado para 2023, mas a desaceleração deverá acontecer, principalmente, por causa da forte base comparativa.
Nesta semana, os analistas mantiveram estáveis as projeções para a taxa inflacionária em 2023, em 4,86%. Já para 2024, a taxa teve uma leve alta, de 3,86% para 3,87%.
Os analistas do mercado financeiro ficam atentos a todos os dados divulgados no país. Em agosto, a inflação subiu 0,23%, acima da taxa de julho (0,12%). No entanto, o que repercutiu também foi o dado vir abaixo das estimativas do mercado (0,28%). A propósito, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado a inflação oficial do país.
Em resumo, inflação elevada contribui para a desaceleração econômica. Como a taxa está vindo menor que o esperado, apesar da sua aceleração, os analistas continuam acreditando que a variação acumulada em 2023 não conseguirá chegar a 5,00%. No primeiro semestre deste ano, todas as estimativas superaram essa marca.
Cabe salientar que o IBGE coleta os preços de diversos produtos e serviços e divulga as variações mensalmente, através do IPCA. Inclusive, o indicador é muito importante, pois diversas políticas públicas e a ações do Banco Central se baseiam na variação da inflação para definirem diretrizes e caminhos a seguir.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta da inflação em 2023, visto que a taxa projetada para este ano é levemente superior ao limite máximo definido.
Caso isso se confirme, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais do que deveriam mais uma vez.
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic pela oitava semana consecutiva, em 11,75% neste ano. Nos últimos dois meses, o BC promoveu um corte de 1,0 ponto percentual da Selic, que agora está em 12,75% ao ano.
Como haverá mais dois encontros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC neste ano, momento em que há definição da política monetária do país, os analistas acreditam que cada reunião promoverá uma redução de 0,50 ponto percentual dos juros.
Para 2024, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 9,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros, reduzindo o poder do consumidor. Além disso, mostra que o BC deverá pisar no freio, parando de cortar os juros em todas as suas reuniões.