Num cenário que a reforma tributária em 2021 está sendo debatida, é preciso avaliar a hipótese que os mais ricos paguem mais impostos. Ao menos é o que defendeu, a Uol, o economista Felipe Salto, diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente), do Senado.
O economista defendeu que para uma reforma tributária em 2021 que passe pelo crescimento econômico, seria necessário diminuir gastos do governo e aumentar a arrecadação de impostos.
“O país não vai conseguir fazer todo o ajuste fiscal necessário sem aumentar as receitas. A questão é como introduzir no debate da reforma tributária essa dimensão do aumento das receitas e, sobretudo, do aumento da progressividade. É preciso discutir a sério a tributação da renda no Brasil. A máximo de que ricos não pagam impostos continua valendo. Isso precisa mudar”, defendeu.
Para o economista o país só vai de fato apresentar crescimento quando a população for vacinada. Ele também concordou com a decisão de prefeitos e governadores que impuseram medidas restritivas nos estados e cidades.
Saques do auxílio emergencial voltam nesta segunda; veja o calendário da semana
Até agora a reforma tributária 2021 está parada no Congresso. Economistas também criticam que as Propostas de Emenda à Constituição (PEC) 45 e 110 que preveem está alteração não simplificam a cobrança de impostos no país.
“Partindo daí, as duas já são insuficientes e, na verdade, não simplificam. Essa simplificação seria a unificação de alguns impostos em um único, que seria o Imposto sobre Bens e Serviços, o IBS. Em princípio, poderia até ser (uma simplificação), mas foram tantos detalhes que essa transição se transformou em algo complexo. É trocar uma complexidade por outra”, explicou ao Diário do Nordeste, o advogado tributarista e diretor do Instituto Cearense de Estudos Tributários (ICET), Schubert Machado.
O especialista também explicou que a unificação de impostos, que poderia levar a cobrança de 12% no setor de serviços, poderia não vir em boa hora. Isso porque a área é uma das mais impactadas pela pandemia até agora.
A CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira) é vista como um aumento de arrecadar bem, por outro lado poderia trazer outros problemas.
Salto, porém, pondera que a taxa cairia sobre os mais pobres e desestimularia que a população use cartão e conta corrente – uma vez que o imposto é cobrado por transação.
Para ele, na verdade, uma das coisas que precisa mudar é a máxima que os ricos não pagam impostos.