Ano passado, várias grandes empresas brasileiras se viram em uma situação financeira delicada e tiveram que recorrer à recuperação judicial como última tentativa de evitar a falência.
Recuperação Judicial: GRANDES EMPRESAS brasileiras enfrentam dificuldades financeiras e tentam evitar a FALÊNCIA
Confira os casos emblemáticos das empresas Itapemirim, Ricardo Eletro e a construtora Rossi, destacando os eventos que levaram a essas situações críticas.
Itapemirim: a queda de uma gigante do transporte rodoviário
A Viação Itapemirim e suas subsidiárias foram declaradas falidas em 21 de setembro de 2022, por decisão da 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial do Tribunal de Justiça de São Paulo. Desse modo, o pedido de falência foi apresentado pelo banco Bradesco, um dos principais credores da empresa.
O histórico de problemas financeiros da Itapemirim remonta a 2016, quando a empresa entrou pela primeira vez em recuperação judicial com dívidas de R$ 253 milhões com credores e um passivo tributário de R$ 2,2 bilhões. Assim, durante esse período, a empresa enfrentou disputas internas, incluindo conflitos entre sócios e administradores.
Atrasos de salários
Um dos episódios mais controversos foi a criação da ITA, uma empresa de aviação que foi lançada em meio à pandemia de COVID-19, quando o setor aéreo estava sofrendo com as restrições sanitárias.
No entanto, a ITA operou por apenas cinco meses e enfrentou acusações de atrasos salariais e de direitos dos trabalhadores. No final de 2021, a empresa cancelou abruptamente todos os voos, deixando milhares de passageiros desamparados.
Em resumo, a Agência Nacional de Aviação (ANAC) proibiu a venda de novas passagens aéreas pela ITA até que a empresa regularizasse o atendimento aos passageiros. Desse modo, o juiz que decretou a falência da Itapemirim argumentou que não havia indicações de que o grupo pudesse se recuperar no mercado e cumprir suas obrigações.
Após a decisão de falência, a Transconsult, nova gestora do Grupo Itapemirim, entrou com uma ação para reverter o decreto, alegando que a decisão foi precipitada e que a nova gestão estava apresentando resultados positivos. Um grupo de credores também tentou reverter a falência, mas esses pedidos ainda não foram analisados pela Justiça.
Ricardo Eletro: altos e baixos no varejo
A empresa varejista Ricardo Eletro entrou em recuperação judicial em 2020, e em 2022, teve sua falência decretada duas vezes, embora ambas as decisões tenham sido revertidas. Contudo, o próximo julgamento sobre o destino da empresa caberá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Fundada em 1989 por Ricardo Nunes, a Ricardo Eletro chegou a ter mais de 1000 lojas espalhadas pelo Brasil.
No entanto, as dificuldades financeiras começaram a surgir em 2015 e se agravaram com acusações de sonegação fiscal contra Nunes. Em julho de 2020, Ricardo Nunes foi preso por sonegação fiscal, embora já não estivesse à frente da Ricardo Eletro. Pois havia vendido sua participação para Pedro Bianchi, presidente da Máquina de Vendas, em 2019.
Logo em seguida, o grupo entrou com um pedido de recuperação judicial, revelando uma dívida superior a R$ 4 bilhões. As 300 lojas físicas restantes foram fechadas, e mais de 3,6 mil funcionários foram demitidos.
Rossi: as dificuldades na construção imobiliária
Um caso mais recente é o da construtora e incorporadora Rossi, que teve seu pedido de recuperação judicial aprovado no final de setembro de 2022. Dessa forma, as dívidas da empresa, juntamente com as de suas 313 sociedades do grupo, totalizam mais de R$ 1,2 bilhão.
Entre as razões para a crise financeira da Rossi, a empresa cita fatores macroeconômicos. Tais como a recessão no Brasil, o aumento da taxa Selic e dos índices de inflação. Além de seus impactos na indústria imobiliária, incluindo o aumento da inadimplência e dos pedidos de distratos. Portanto, diversas fatores impactam o processo de recuperação judicial e possível falência de uma empresa, sendo fatores internos e externos.