O estudo “Pix no Brasil: Cenário e Oportunidades” da Capco, consultoria global do Grupo Wipro, mostra que apesar da adoção e eficiência em transferências de dinheiro, o Pix precisa de alguns ajustes para atingir todo seu potencial como meio de pagamentos no varejo. Esses ajustes incluem, por exemplo, fatores como o tempo para realização das operações e a falta de recompensas do sistema, como acontece com os cartões de crédito.
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A Capco entrevistou cerca de 1 mil pessoas em todo o Brasil, além de pequenos e médios empreendedores das principais capitais do País. Segundo 66% dos entrevistados, pagar com cartões de débito ou crédito é melhor que o Pix porque a sistemas de recompensas no primeiro. Um total de 82% dos entrevistados indicou que prefere pagar com cartão de crédito por causa do programa de fidelidade e 70% migraria para o Pix apenas em troca de descontos ou cashback.
Também há uma impressão, de alguns entrevistados, que o pagamento por Pix os faz assumir um processo que era feito pela loja o comércio, já que o celular e a internet usados durante o pagamento são de responsabilidade dos clientes. Por isso, esperam que sejam recompensados por assumir este novo papel através de algum tipo de desconto, cashback ou pontuação.
Destaca-se também a demanda por pagamentos parcelados, muito usados entre os brasileiros. Cerca de 40% dos entrevistados indicam que ficariam mais propensos a migrar seus pagamentos de cartão para o Pix com a possibilidade de parcelar suas compras. A funcionalidade, batizada de “Pix Garantido”, tem previsão de implementação pelo Banco Central ainda em 2022.
O Pix também perde pela falta de praticidade. São mais etapas no processo para a efetivação de uma compra que inserir o cartão e digitar a senha, ou até mesmo usar só o contato. A análise indica que o tempo que o cliente leva para realizar um pagamento via Pix pode ser até duas vezes maior na comparação com outros meios de pagamentos físicos, o que impacta em sua adoção no comércio.
O estudo da Capco explica de forma detalhada que um pagamento com cartão de débito e crédito têm basicamente quatro passos se o usuário optar por inseri-lo na máquina. Assim, vai precisar conferir o valor da compra, inserir o cartão, digitar a senha e aguardar a efetivação da cobrança. Já no pagamento por aproximação, são três etapas: conferência do valor, aproximação e espera pela efetivação da compra.
No entanto, os pagamentos por “Pix por QR Code” ou “Por Chave” acrescentam quatro ou cinco etapas a esse momento da compra. O usuário precisa entrar no aplicativo do banco, procurar a opção ‘pagar com QR Code’ ou ‘Pagar com Pix”, apontar a câmera do celular para o QR Code ou digitar a chave do Pix Vendedor, conferir os dados, inserir a senha ou digital e apresentar o comprovante ao vendedor.
Por outro lado, o Pix tem uma grande adoção entre pessoas físicas, ou transferência peer to peer (P2P), que é responsável por 72% das transações pelo meio de pagamento. O cenário também é bastante positivo no uso do Pix entre os trabalhadores informais e profissionais liberais, onde foi amplamente adotado por esta fatia. Dos participantes da pesquisa, 66% já puderam efetuar pagamentos para profissionais liberais e informais via Pix.
Mas para aumentar a aceitação do Pix pelo comércio, a aceitação precisa vir do beneficiário, ou seja, pelo comércio. A pesquisa mostra uma falta de homogeneidade na percepção do cliente sobre a aceitação do Pix pelas empresas e prestadores de serviço. Os entrevistados disseram que o sistema é mais aceito ou incentivado em sites na internet, pequenas lojas de rua, prestadores de serviço formais ou informais e campanhas de doação. Por outro lado, há uma menor aceitação em mercados, lojas de rede e em shopping centers.
Além de reduzir a fricção na hora de pagar por Pix, a integração do pagamento instantâneo com software de gestão comercial é recomendado. Estes softwares já oferecem recursos para a aceitação de diversas formas de pagamento, porém muitas dessas soluções ainda não incorporaram o sistema Pix. O processo de adoção de Pix como forma de pagamento nos principais PDVs de mercado poderá ser um fator de incentivo para aumentar a adoção desta forma de pagamento.